Hoje pela manhã, lendo o jornal Rascunho, me deparei com um texto de Fernando Monteiro, que segundo a wikipédia, cuja qualidade ele tanto critica, é um romancista, poeta e cineasta brasileiro. No infeliz texto, intitulado Sobre Internet, Monteiro tece infindáveis críticas à juventude, à internet, ao público de palestras. Isso me lembrou uma ida ao Parque Barigui quando eu era apenas uma criança, estávamos eu e meu pai lá sentados e ele me diz: No meu tempo as mesas de xadrez estavam cheias aqui, hoje ninguém se interessa por um jogo inteligente. Alguns anos mais tarde está meu pai viciado em jogos de Xbox. Isso de dizer que no meu tempo tudo era melhor é um clichê tão grande que encontrar esse tipo de inclinação num jornal sério como o Rascunho me surpreende.
O autor argumenta que a internet é muito vaga, qualquer dá sua opinião, qualquer um fala sobre tudo e que é muito fácil ser crítico de cinema falando de Almodóvar e Woody Allen. Eu concordo com essa posição em particular, mas é uma infâmia atribuir esse comportamento à internet. Se bem me lembro das aulas de literatura na universidade, durante a inconfidência mineira qualquer um era poeta, se restaram dois ou três bons é porque em toda época se tem mentes brilhantes.
A internet é uma nova forma de comunicação que causa polêmica, bem como a imprensa tão criticada em sua época por popularizar a literatura que era exclusividade de alguns. Para mim, Fernando Monteiro apenas está ciumento por o crítico hoje não ter tanta importância. Afinal, qualquer um pode formar sua própria crítica. Num texto anterior ao dele, ainda na mesma edição do jornal, Maria Cecília Martirari aponta o grande defeito da maioria dos críticos que é assassinar a literatura, a arte de maneira geral, ao separar essa da leitura e do leitor. A internet e seus blogs, tão criticados por Monteiro, são apenas uma nova imprensa, desafiando o "poder" dos cânones e críticos.
Por fim, há muitos e muitos blogs de qualidade ruim, incluo nesses o meu, mas ao mesmo tempo há diversos blogs de qualidade, muito melhor do que guardar um diário em que se expõe seus ciúmes de uma juventude que promete ser global. Pelo menos na internet há a coragem de se expor a própria opinião.
Fica minha ressalva de que em qualquer tempo há mentes brilhantes, mas que a maioria não o é. Não é porque se pode notar isso claramente na internet que se tem o direito de se julgar todo um meio de comunicação.
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