segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Eu dormi pensando nele e acordei pensando nele como faço todos os dias. Eu dormi com uma sensação de perda. A maldita da ervilha debaixo dos mil colchões me cutucava com se fosse o monte Fugi por cima de uma folha de papel machê. Eu fingi que não era nada, me escondi por trás do sono enquanto sabia que ele precisava de mim. O que fazer quando sabe que está uma imprestável? Fiquei ali tentando achar coisa que não existia, dar explicação pro que não precisava me enrolei e dormi sabendo que eu tinha baixado o nível da balança da conquista. É, foi ele quem me ensinou, que todos os dias, antes de dormir, ele põe na balança nossos sentimentos, e o objetivo é que todos os dias eles aumentem. Mas eu nunca fui muito boa com balanças e elas sempre me contrariaram. E dessa vez eu acho que baixei a balança dele, porque eu não tinha como tê-lo conquistado. Fui rabiscando coisas na minha mente, ele desabafava como só conseguia comigo e eu não fiz absolutamente nada. Tive raiva, de mim. Tive ódio de quem, antes de mim, sem que eu pudesse evitar, magoou o coração dele, que horas, era meu! Ah, se eu a visse eu não deixaria barato. Só eu mesma tinha o direito de magoá-lo e ninguém mais. E aí eu dormi um sono sem sonhos, agitado, calor, frio, lençóis que me deixavam maluca enquanto se enroscavam pelas minhas pernas. Mas o que se enroscava mesmo era a raiva. Uma angústia. Será que a história de que se a pessoa amada estava mal, você sentia e ficava pior? Se não era verdade, é melhor eu ir pro médico logo, porque aquela sensação surgida do nada é caso de morte. O nome disso é dor de garganta, pensei. Porque minha garganta dói por não poder gritar no ouvido de uma certa vagabunda que ela não tinha o direito de machucar o meu Clark Kent. Mas para você ser a Louis, sempre tem a vagaba da Lana pelo caminho. Fiquei pensando o que é que eu falo pra ele? Como é que curo algo que nem eu curei em mim até hoje. E eu disse para que ele curasse seus traumas em meus braços, mas eu? Imperfeita e desfeita, como é que faço pra ser como ele merece pra esquecer as experiências ruins? Eu como areia sem saber o que dizer, e ela desce pela minha garganta empurrando as palavras que estavam lá. Como é que eu faço pra te ensinar a confiar no amor, se nem eu bem sei direito?


Bruna Dancini

Nenhum comentário:

Postar um comentário