segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
A freada, o primeiro baque surdo, e o barulho inconfundível do corpo ao bater no chão. A bolsa ainda meio aberta, voa o celular, o livro, estava lendo Harry Potter, afinal, eu estava de férias, e já basta ler Machado de Assis durante as aulas. Foram 12 segundos. Entre a batida, a dor das costelas perfurando meu pulmão e o sono tão forte que não resisti a fechar os olhos. Foram os 12 segundos mais longos do mundo. Uma risada estridente, meu pai ainda tinha cabelos pretos, e me agitava no colo. Flash, minha melhor amiga de infância correndo atrás de mim na "rua de traz", meu avô rindo com aquele cheiro de caminhão misturado com colônia. Meu primeiro beijo. Minha festa de 15 anos. O dia que não passei no vestibular. O dia que minha mãe foi pro hospital com um tumor no cérebro. O dia que ela melhorou. O dia que meu pai teve um infarte. O dia que descobrimos que foi alarme falso. O dia em que vi o meu afilhado nascer. O dia que passei no vestibular. 11 segundos... O dia em que ele me deu o primeiro beijo. O ar estava acabando, mas foi o maior segundo do mundo. E só uma lágrima, sozinha, escorreu junto com o último resto de ar dos pulmões perfurados...
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