sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Ter bom humor é obrigação!

Antes de iniciar o texto em si, gostaria de dar as boas vindas aos novos leitores, é, estou vendo mais snipers aqui, agradecer aos 25 de sempre que marcam presença diariamente nas minhas lindas estatísticas e convidar pra sentar, se acomodar, fica...vai ter bolo. Voltem sempre ao blog!

Pois bem, é com terrível pesar, leitores, que vos informo que o mal humor está oficialmente proibido. Pois é, eu sei, é complicado, trabalho, estudo, falta do que fazer, o tédio da vida moderna, falta de amor, sabe-se lá o que. Mas, sinto muito, está proibido e ponto final.
É chato dar uma de lição de moral, auto-ajuda ou coisa do tipo, mas a vida me deu um tapa na cara. Estava eu no ônibus de manhã, odiando todos os seres vivos, como sempre acontece no transporte coletivo, quando o motorista pára (sim, pára, abaixo a reforma ortográfica, me deixem com minhas idÉias). Ali, no ponto, já se ouve um bom dia alto, daqueles que te dá mesmo vontade de ter um bom dia. Mas o mal humor perdura, afinal, lá vou eu saindo do conforto da minha cama. Então, o cobrador vai abaixar a plataforma de cadeirantes e eu vejo quem dera o bom dia. Um senhor de cerca de 70 anos, numa cadeira de rodas, roupas simples, mãos de trabalhador. Ele não tinha uma das pernas. Nunca cheguei a conversar com ele, mas era fácil imaginar sua história. Um acidente de trabalho, gota? Diabetes? Alguma trágica peça da vida levou sua mobilidade. Quando ele entrou no ônibus, todos perceberam. Ele conversou com o cobrador, com o motorista, deu bom dia à quem estivesse à sua vista. Não, não era um pedinte. Era só uma pessoa bem humorada, que apreciava a própria vida. Nós, muitas vezes, com tudo em ordem, não damos o menor valor à ela.
Não vou dizer com a desculpa dessa anedota, agradeça à Deus, ou vá fazer trabalho voluntário ou sei lá, salve o mundo. Mas, meus caros, o mal humor está proibido. Pelo menos tenha a consideração de dar um sorriso de vez em quando, vossa carranca nos ofende. Deixa mais feia a caricatura do dia-a-dia. Então, nos poupe desse beiço amarrado e sorria. Se estiver difícil, não pense em nenhum vídeo motivacional, lição de moral, auto-ajuda. Abra o 9gag, o ahnegão, ou qualquer outro site de humor. Tire sarro da desgraça, não perca a piada. Se não, os fiscais do mal humor podem vir e te dar uma multa, quem sabe um jeito de você valorizar as coisas. Ou, se não der certo, ria desse incrível acrobata, rir da desgraça alheia faz parte.




quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Aromatizantes de pipoca e o governo: A conspiração do Século!

Que o leitor me perdoe o título alarmante, mas hoje, cheguei à epifania política dessas eleições. Folheando um jornal, me deparo com duas notícias.
A primeira, apontava os grandes males causados pela diabólica pipoca do mal. Isso mesmo digníssimos, a nossa tão inocente pipoquinha do dia-a-dia, com seu suave cheirinho de manteiga é uma maldita farsante! A sínica tem a coragem de nos iludir com seu sabor de manteiga pois, sim, segundo a pesquisa, é o cheirinho da manteiga a grande mente por traz de tudo. Iludidos, nós, pobres consumidores, estamos sendo secretamente privados pouco á pouco de nossas faculdades mentais. Ou, nas palavras deles, aromatizante sabor manteiga, por causa do composto diacetil, causa Alzheimer.
Já indignada com essa terrível notícia que me afastaria dessa já decenária companheira de filmes e espetáculos, vejo a próxima notícia. Pesquisa aponta que deputados brasileiros têm cerca de 20 assistentes a mais que os franceses. Ok, não é tão grave. Depois do dinheiro na cueca isso é fichinha. Mas essa foi a fichinha da máquina de epifanias instaladas no meu, ainda não completamente disfuncional por conta da pipoca, cérebro.
O que me foi revelado pelos deuses é que uma trapaça do Texas está sendo feita no cenário político nacional. Não entendeu nada? Deixe-me esclarecer. Trapaça do Texas é quando você faz algo à direita, que chame muito a atenção, para distrair o público, para que esse não repare nas falcatruas que você faz ali, na surdina. A genialidade da trapaça sendo realizada é a metáfora do Brasil sobre política: Tudo acaba em Pizza. A célebre frase é apenas para chamar sua atenção. Na verdade, na surdina, eles te enfiam e pipoca. Pipoca com muito aromatizante de manteiga. Assim, você assiste ao espetáculo de horrores do plenário com a boca cheia, que é para não dar opinião e, ainda por cima, graças ao aromatizante com bonus Alzheimer, esquece o show, assim o espetáculo poderá ser repetido eleição após eleição e você aí achando que os atores são revelação do ano.

Bruna Dancini

A chegada do Tio Bola

Digníssimos leitores não-espíritas, não se assustem com o que vem a seguir. Para o que conhecem o nome, já devem ter se assustado, mas vamos explicar. Tio Bola, Vô Bolinha, Dancini, Haroldo... ele têm diversos nomes, mas vamos conhecê-lo pela placa que vai em cima de sua carreta. Tio Bola é um caminhoneiro, espero, vivido, pai de três filhos, ainda com sonhos na vida. Só que Tio Bola já morreu. Essa que vos fala traz a sabedoria de para-choque dessa voz sábia do além. Espero que gostem, Tio Bola andará dando algumas passadas por aqui.

Matemática da Escola

Ser pai não tá fácil.Três cabeça pra criar, têm que sair da escola tinindo. Eu não tive nada disso. Poucos anos já estava na lida, com dez já dirigia carreta. Meus irmãos? Tudo a mesma coisa. Até a Amalia. O Gigio tá com três caminhões. É aquilo, não estou reclamando da vida nas estrada. Quem nasce caminhoneiro tem que amar o horizonte no para-brisa. Mas é que hoje, hoje segundo grau não é nada. Eu, com meu ginásio, sou quase um indigente estudantil.
Mas com meus filhos vai ser diferente. Quero todos na faculdade. Matemática é que é coisa importante nessa vida. quero o Roberto virando engenheiro. Quero Marita e Teresa contadoras, economistas. Quem sabe vão até trabalhar em banco. Imagina que chique?
Educação é dinheiro, mais que tempo. É investimento pra vida. É só calcular os lucros. Se os três estiverem formandos em... 20 anos? Eu vou estar com 50, ainda uns anos de estrada, mas tenho sangue forte. Aí ainda tem uns 15 anos para eles se estabelecerem na vida, comprar casa, carro. Aí vêm os netos, mas aí mais 20 anos pra formar os deles. É, investimento de risco.
4 anos de fundamental, 5 de ginásio, 4 de normativo, aí vão pra faculdade. Deixa eu ver, primeira fase, 13 anos vezes 3 de uniforme, material escolar, comida, menos o prejuízo de não estarem trabalhando... Api mais uns 5 anos de faculdade, vezes a passagem de ônibus, mais as mensalidades, matrícula, roupa... É, eles vão ter que ganhar muito bem para esse investimento dar lucro. Se cada um tiver 2 filhos, são mais 6 vezes tudo. Acho que em uns 40 anos acaba o investimento deles. Aí eu vou ter 70... ainda dá tempo de aproveitar a lucratividade.
Só que, como os caminhões, gente também roda um tanto e aí funde o motor. E eu, ainda muitos quilometros pra rodar. Eu vou há uns 150 por hora. Vezes umas 9 horas pordia, dá 1.350 quilometros por dia. Trabalho uns 350 dias por ano, em 40 anos são 17.820.000 quilometros rodados. A Terra te, 40.045 quilometros de diâmetro, Robertinho que me disse. Divididos pelos quilometros que vou rodar antes do investimento dar lucro, mais ou menos 445 voltas no mundo.É, tempo é dinheiro, estudo é dinheiro. E muito. Saindo do meu bolso. Prejuízo quase certo. Mas pelos filhos, dou quantas voltas no mundo for preciso. E é melhor largar da caneta e pegar o volante. Ainda tenho 445 voltas pra dar.

Pára-choque de caminhão do dia: Devo tudo a minha mãe, mas já estou negociando.



Leitores, esse personagem que dará voz a alguns textos é uma homenagem ao meu avô, Bolinha, falecido já há quase dez anos. As histórias são ficcionais, com alguns toques do dia-a-dia, é claro. Os toques desse personagens serão de dar simplicidade aos assuntos cotidianos dos trabalhadores. Cômicos de vez em quando.


Vô, sinto sua falta.
 

terça-feira, 28 de agosto de 2012

A Chavasca

Caros leitores e leitoras inválidos de dedos, já que as estatísticas apontam que vocês vêm espiando meu blog silenciosamente, quase diariamente... eu sei que estão aí escondidos como bons snipers que são. Hoje nosso post tem um título assaz peculiar. Sou falante do Inglês, mas como não-nativa não conheço bem suas variações linguísticas, se tiver algum leitor internacional que me perdoe, mas não conheço nenhuma língua que tenha mais sinônimos para a região íntima da mulher do que o Português. Me perdoem as palavras que seguem, mas uma listagem faz-se imprescindível. Buceta, Vagina, Perseguida, Periquita, Rachada, Xoxota, Xotinha, Xana, Xereca, Beiçuda, Aranha, Perereca, Toca do Palhaço, Casa do Caralho, Pombinha. Ufa, quem conhecer outros me informem, é sempre uma análise interessante da variação linguística.
Mas Chavasca é especial. Uma mulher que tem uma chavasca é diferente. É a mulher que você não chama de gostosa, você chama de potranca. Mulher de curvas, de atitude. Se mais pessoas tivessem chavascas, o machismo diminuiria nesse país. Quase todos os outros apelidos carinhosos são sexuais, inventados por homens. Mas a chavasca é a promessa da atitude, de mulher forte. É quase um elogio, essa mulher tem uma chavasca que só!
Ah, mulheres, na hora de escolher como chamam suas regiões pubianas tudo depende da situação. Na depiladora você chama de pombinha, periquita, animais pequenos, quase delicado, afinal você não quer assustar a mulher. Com o namorado, maridão de plantão e variados, é xaninha, buceta no máximo, mas aí já  está no vamos ver. No médico vem a profissional vagina, sempre me vem um ET à mente. Na roda de funk chamam de Xota, coisa grande, vulgar. Xereca é com as amigas, pra dar risada. Aranha é difamação. Perseguida é aquela tia metida a engraçada. Beiçuda é o amigo virgem querendo dar uma de comedor. Casa do Caralho é o nojentão que tem de pagar pra isso. Mas chavasca...
Ah, a chavasca é só para os entendedores da importância da denominação. A chavasca não é o objeto sexual. Chavasca é o grande símbolo da beleza e força da grande paridora, geradora de bebês e suspiros. A origem da palavra já dá pra ver de longe, rio grandense, na verdade é um tipo de facão. Que associação mais propícia. Afinal, pode ser o facão que causa a perdição de muitos e muitas. Pode ser o instrumento de trabalho de alguns, profissão mais antiga do mundo, vamos respeitar. Pode ser a faca que se usa para esculpir um entalhe. É, pode ser muita coisa a chavasca. Dar nome faz toda a diferença.


Bruna Dancini.



domingo, 26 de agosto de 2012

O grande reencontro da turma

Guaratuba no carnaval é que nem reunião de condomínio misturada com ceia de Natal em família. Reunião de condomínio porque você encontra um monte de gente que não quer, falando um monte de baboseira que você não quer ouvir. Ceia de Natal que apesar dos benefícios a comida boa você tem que aguentar a família e aquele tio mala com as piadinhas do "É pra vê o que pra comê?".
Mas nesse carnaval amigo, eu encontrei o grande Gustão. Ô, esse cara tinha tudo pra ser grande. Cursamos adm juntos na Tuiutí. Cara centrado, enquanto todos nós estávamos no bar jogando truco o cara estava estudando, conseguiu estágio grande, já saiu trabalhando em empresa importante. Quando vi o cara na praia pensei "Nossa, deve estar com a vida feita" e eu aqui com um apartamento meus dois moleques e essa barriga de choppe. Gustão? ish, barriga retinha, óculos escuro de marca, deve é ser diretor de alguma coisa.
- Graaande Gustão, cara quanto tempo! - Fui abraçar o cara me senti um gigante... tenho que começar a ir pra academia...
- Opa Alfredo! Como vai meu chapa? - Todo sorrisos. Sempre achei esse cara meio baitola.
Vêm meus dois meninos curiosos saber quem era o magrão...
- Pedro, Tavinho, esse aqui é um velho amigo do pai, da época da faculdade, Gustão... o melhor da classe né? Tá casado cara? Já tem os herdeiros? - Ish, o cara fez uma cara estranha, sabia que era meio afeminado, onde já se viu passar a graduação inteira sem um porre? Olha esse óculos todo boiolinha... não, o cara é esquisito.
- Então Alfredo, sabe como é, muito trabalho, ainda não me aquietei na vida, vou ficar pra tio mesmo. - A cara que ele fez foi triste agora, coitado do cara... - Mas tô trabalhando numa multinacional, salário bom, voltei agorinha da Alemanha. Mas é isso aí Alfredo, me liga qualquer dia cara!
- Opa, claro Gustão, passa lá em casa tomar uma cerveja... bebe agora? - Como se eu tivesse mesmo seu telefone depois de 15 anos...
- É... de vez em quando a gente fraqueja... Bom te ver cara, até mais! - Saiu em direção à rua, olha o carro do cara, esportivo, deve mesmo estar bem na vida.
É, mas eu não troco meus guri por carro nenhum. Nem se fosse pra perder essa barriga... Mas não é que Guaratuba é uma maldita reunião de classe? Se não é o Marcos ali?! Nossa, esse cara sim era firme. Não perdia um dia no bar, traçou todas as meninas da faculdade. E eu lá com a Maria Lúcia desde o segundo ano. É, mas a Malú é ainda linda, olha ela cuidando dos meninos nem se diz que já teve dois... e eu parecendo um elefante... é, vou entrar na academia assim que o Carnaval acabar.
- Alfredo! Nossa cara, como você tá diferente - Marcos com esse papinho, e olha pra ele? Mais olheira que o Al Pacino. E olha as rugas desse cara? Parece que tem uns 50 anos, isso aí deve ser é muita gandaia...
- Opaa Marcos, acredita que acabei de ver o Gustão? O cara continua na linha, incrível né?
- Mas e você? Com mulher, filhos, quem tá na linha mesmo é você! No cabresto... - Tirando com a minha cara assim, na frente dos meus guri! É muita falta de respeito.
- É, a gente se ajeita um dia né? Mas aposto que você também já...
- Eu? Jamais, mulher pra mim uma só não basta... mulher e vinho a gente tem que variar pra conhecer os bons. - Babaca, como sempre. Se achava o cara mais descolado da universidade, pegou tanta mulher e hoje com essa cara deve estar tendo que pagar...
- É, você é que tem vida boa - Vida boa pra vagabundo, gente decente não anda fumando na praia às 2 da tarde...
- É, mas bem que às vezes faz falta uns guri pra fazer companhia e ir pra Arena da Baixada...
- Se fosse pro Couto até emprestava os meus... - Uma risada amigável e a velha movimentação de ih tá ficando tarde, tem alguém me esperando..
Engraçado ver o cara sério, dedicado e o pegador da faculdade. Ali, Guaratuba, no carnaval, os dois com o mesmo estilo de vida... Tem gente que reclama de ser mais ou menos. Mas na minha vidinha mais ou menos eu tenho tudo que pedi, minha mulher, meus guri, minha barriga de herança de cerveja e uma vida além da faculdade.


terça-feira, 21 de agosto de 2012

Bom menino!

Hoje eu passei a acreditar em amor à primeira vista...

Sempre que saio caminhar pela manhã faço o mesmo trajeto. Vou pela via do expresso, viro numa rua quase deserta para chegar na praça do Zumbi. Ali faço meus alongamentos, tomo um gole d'água e saio. Mas hoje tudo foi diferente...
Chegando na tal da pracinha decidi descer para o gramado, para dar uma volta maior. Chegando ali eu o vi. O bom menino. Fiquei com medo imediatamente, um cachorro enorme, seu focinho dava quase o meu rosto, uma mordida e eu estaria ferrada. Mas eu amo cachorros. E a primeira coisa a se pensar é que ele só ataca se sentir-se ameaçado. E o que eu fiz? Falei "Oi Cachorro!" com a minha melhor voz de amor. Ele abanou o rabo e eu saí. Continuei caminhando até o lugar onde me alongo, sentei lá e tomei o maior susto. O cachorro estava bem atrás de mim. Só que ele apenas sentou e me olhou bem fundo. Não pude resistir e passei a mão na cabeça dele. Vendo que ele não rosnou nem tentou se esquivar eu disse" Bom menino!" e aí sim conquistei o amor dele.
Continuei andando e ele me seguindo. Falei "Fica menino!", tentei desviar o caminho, mas não tinha o que resolvesse, se ele se afastava um pouco loguinho já voltava abanando o rabo. Parei para atravessar uma rua movimentada e fiquei preocupada, imagina se ele morre atropelado por culpa minha? Mas ele parou do meu lado e começou a chorar me olhando. Quase que eu choro junto. Porque é que ele tinha que me seguir?
Mas ninguém foi atropelado e nós dois seguimos até a praça em frente ao meu prédio. Ali ficam vários cachorros e ele logo fez amizade, mas ainda deu um último ganido antes de eu ir embora.
E agora estou eu aqui, de coração partido pelo "Bom Menino"...

Bem, eu moro em um apartamento minúsculo e seria impossível adotá-lo. Mas existem muitas pessoas que moram em casas e optam por comprar um cachorro estimulando um mercado horrível de comércio de animais. Em vez disso todos deveriam adotar um cãosinho. Tem de todo tamanho e jeito. E com certeza ele vai ser muito mais fiel e carinhoso porque ele sabe a oportunidade que você deu. Grande exemplo é o Nego. A vó do meu namorado encontrou ele na rua, bem filhotinho e sozinho, adotou ele e agora ele é o cachorro mais amoroso e brincalhão que eu já vi. Esses cachorros tendem a se dar muito bem com crianças e aprenderem rápido. Além de se adaptarem a quase qualquer coisa. Portanto, abaixo segue o link do Cãopanheiro de Curitiba, um site de adoção de cães aqui em Curitiba... espero que outros bons meninos sejam adotados e que um dia possamos parar de ver cães maltratados na rua enquanto outros são vendidos por 2 mil reais.



quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Cãndido

Eis que eu certo dia decido ir á Biblioteca Pública do Paraná e lá há um jornalzinho. Peguei para dar uma olhada as edições de julho e agosto. A grata surpresa foi que o conteúdo do jornal me maravilhou. Literatura comentada de tudo quanto é forma, entrevista com autores, programação cultural envolvendo literatura em Curitiba e diversas outras coisas interessantes para os interessados em literatura.
Então eu fiquei com vontade de ter esse jornal sempre, mas e a cabeça para ir todo mês lá pegar? Aí mandei um e-mail no "contato" do site da BPP e em menos de uma hora eles me responderam de maneira muuito atenciosa.
Esse post na verdade é um agradecimento por essa estrutura maravilhosa e organizada que é a BPP aqui de Curitiba. Bem, mas voltando ao e-mail, a moça que me respondeu me pediu meu endereço e agora receberei de graça o jornal todo mês!

terça-feira, 14 de agosto de 2012

O rapto

Não havia jeito da guria olhar pra mim. Não é me gabar, mas parecer com o Elvis Presley na década de 60 era lá grande coisa. Nem 25 anos e com meu próprio caminhão. Eu via que ela me olhava de vez em quando, na igreja. no dia de feira. Peguei seu olhar no dia em que cheguei depois de duas semanas de viagem, você estava lá, na janela, olhando onde é que eu estava. Meu irmão já tinha me falado, fica de olho na Malu cara, ela te dá mole. Mas quando eu chegava perto, fugia que nem diabo da cruz. Vai entender né?
Soube que só a Nhá Cata estava em casa com as filhas, uma mais bonita que a outra, mas Malu era a especial. Aquele maldito cabelo laranja não saia da minha cabeça, com os olhinhos verdes, queimava como fogo. O pai tinha ido viajar com o caminhão, voltava em mais de 20 dias só. Era minha oportunidade de fazer alguma. Sangue italiano pulsando no corpo inteiro de deixar o rosto vermelho, talvez tivesse sido o vinho. Mas lá estavam meus irmãos incentivando. Afinal era uma família de cinco moças lá e uma família de sete homens aqui, era de dar boa combinação se um chegasse conhecer a vizinhança.
O que meu pai me ensinou foi que pra conquistar uma mulher você precisa ter coragem, ter atitude de homem. Se era isso que a Malu estava esperando, era o que ia ter. Duvido que na volta não ia estar caidinha de amor. Fiquei vigiando uma manhã inteira, era sempre ela com a Cecília que iam comprar as coisas pro almoço na venda. Onze horas as duas saíram. Dei um toque no Beto, vai lá cara, distrai a Cecília, pelo seu irmão, essa mulher é a mulher da minha vida. Tá bom, é a décima mulher da sua vida esse ano. Cara, quebra essa vai... Beleza, vê se faz uma coisa decente.
Claro que seria decente, a mais romântica do Elvis no toca-fita do caminhão, mala pronta, perfume no pescoço e os óculos escuros, como é que ela ia resistir quando eu tirasse o óculos, pegasse esses meus olhos azuis e olhasse fundo nos olhos: Malu, vamo comigo pra São Paulo, deixa eu te mostrar o Brasil. Cara, até eu me apaixonava por mim com essa.
Fui com tremedeira até os ossos. Ela estava estranhando a história do Beto querer falar com a Cecília sozinho, a irmã não tinha nem 13 anos, longe da idade. Não é que a Malu fosse muito mais velha, 16 anos ainda, mas com certeza já tinha jeito de mulher. Corpo feito, aqueles olhos verdes de inocente não me enganavam, o Rubão já tinha dito que ela andava cheia de sorrisinhos quando falavam de mim.
- Oi Malu! Que tá fazendo sozinha aí na rua? - Mão no bolso, regata branca, jeito de quem não quer nada. Cary Grant me ensinara tudo sobre esse jeitão em seus filmes.
- Teu irmão veio com uma conversa estranha e levou minha irmã pra nossa casa, agora tenho que ir na venda sozinha. - Cara fechada, fingindo tristeza, tudo como planejado.
- Vem, eu te dou uma carona no meu caminhão - Os olhos da garota brilharam, estava no papo, eu era o único cara da vizinhança que tinha um caminhão daquele tamanho, cabine dupla, vermelhão. A Scania nunca mais fabricou tão bem.
E ela veio cara. Bracinho cruzado na frente do corpo, aquele cabelo laranja caindo no rosto e eu bobo de paixão. Parecia que nunca tinha visto mulher na frente. Mas é que mulher de estrada é diferente. Já conhecia o mundo, elas é que tinham que me ensinar. Ali não, a menina brilhava de inocência. Me olhava como se fosse um astro de cinema. E eu me sentia burro que nem quando tinha 12 anos e dei o primeiro beijo. Porra cara, concentra antes que comece a gaguejar. Puxei papo, perguntei se ela já tinha ido no cinema. Disse que não. Faziam menos de dois meses desde que veio do interior. Eu te levo, Malu. Ninguém chamava ela assim. Só eu. Ela se distraiu tanto com meu papo que nem percebeu que eu tinha desviado da venda, volta na quadra e ela já estava rindo pra mim. Poxa, Haroldinho, você conhece tanta coisa. Era minha deixa... Parei o caminhão, travei as portas, tirei o óculos. E fiz o meu melhor olhar. Segurei aquelas mãos pequenininhas. E eu todo confiante agora tinha esquecido tudo. Corpo tremendo, testa suando. Estômago doendo. Vai cara, faz uma coisa decente. A voz do Beto na cabeça me acordou.
- Malu, vamo pra São Paulo comigo. Vem, eu te mostro o Brasil. Te mostro tudo que quiser. Isso aqui é tudo muito pequeno pra você. - Ela me olhou com a maior cara de pânico, achei que ia dar tudo errado, mas ela apertou minha mão, foi a maior sinal que eu precisava. Dei a partida no Scânia.
- Haroldinho, pára com isso, você tá louco? Você sabe que meu pai te mata, mata nós dois, eu sou moça ainda Haroldo, imagina andar por aí de caminhão com homem? Quem você pensa que eu sou?
- É a mulher da minha vida.
Já era tarde demais, peguei a 116 e fui acelerando no máximo. Falei pra ela ficar tranquila que o Beto ia contar que tínhamos fugido pra casar. Casar Haroldinho? É Malu! Assim que chegarmos. Eu sou mesmo um canalha, claro que eu não ia casar com aquela menininha. Mas ela era muito linda. Putaquepariu.
Duas semanas fora de casa. Uma virgindade perdida. Uma aliança no dedo.  Três filhos. 30 anos de casamento. É, a vida é uma coisa relativa.



segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Você ama Disney? Que tal variar?

Bem, muita gente sabe que eu sou uma adoradora convicta da fantasia. Disney, Pixar, o universo de Harry Potter, O Senhor dos Anéis e por aí vai uma extensa lista...
Mas o que não tanta gente como deveria conhece são os universos mágicos criados por uma mente asiática brilhante (desculpem o pleonasmo).

Hayao Miyazaki é um aclamado diretor de animações japonês. Além de ter produzido o premiado (Oscar de Melhor Animação e o Urso de Ouro do Festival de Berlim) Viagem de Chihiro, no Japão o diretor é considerado o novo Walt Disney.
Todos os trabalhos contam com um incrível trabalho visual, mas o que mais me chama a atenção é a profundidade de seus roteiros que contam não apenas com muita imaginação, mas também com um simbolismo muito inteligente sobre a sociedade moderna. Um exemplo é o já citado filme acerca da garotinha Chihiro. Ela vai parar num universo paralelo onde trabalha para uma bruxa, dona de um hotel para deuses. Ali a dinâmica capitalista fica muito clara. Mas o grande símbolo é uma sombra que aparece durante todo o filme. A sombra ajuda a garotinha num momento de dificuldade, mas sempre busca dar mais que o necessário. Se a pessoa pega, a sombra "come" a pessoa ou criatura. Para mim, é a imagem perfeita do capitalismo. Quanto mais alimentado, maior e com mais fome fica. Mas se apenas tiramos e damos o ideal, é uma criatura pacífica. Pois é, não apenas de fantasia vive a animação.

Mas esse não é o único filme de Miyazaki. Na verdade, o meu favorito é Meu Vizinho Totoro, vale muito à pena ver.


Ainda na lista das incríveis criações de Miyazaki estão Princesa Mononoke; O Castelo Animado; Ponyo e vários outros. Todos são muito bons.

Para fechar, um outro filme incrível e que me fez chorar, apesar de não ser do Miyazaki, é de outro diretor do mesmo estúdio (Estúdio Ghibli),  Isao Takahata (diretor) retrata a vida de uma criança em meio à guerra e como a imaginação pode ajudá-la. Muuuito bom esse e muuuito triste.

Espero que curtam a indicação.



Bruna Dancini


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Companheiro

Eu estava letárgica à noite. Chorando sem motivo ouvindo Radiohead. É, assim que os pensamentos ruins aparecem. Mas acontece que mesmo naquela noite de domingo após um maldito dia entediante, I had sunshine in a cloudly day. Pois é, a gente começa a entender essas músicas românticas quanto tem um companheiro. Não é só como dizer ah eu tenho um namorado. Todo mundo tem um namorado. Mas é muito diferente quando ele é seu melhor amigo. Quando te faz rir falando Baduba. Quando assiste desenho contigo e você vê super-heróis com ele. É diferente quando diversão é deitar no sofá no teu braço até amortecer e não sair de salto alto fazendo pose.
Dizer que tem um companheiro é muito mais, que é indizível até, companheirismo junto com amor é algo indestrutível.

Bruna Dancini

domingo, 5 de agosto de 2012

A Sunday Smile

Eu acordei num puta bom humor, ouvindo música de dançar de olho fechado, num gramado da Irlanda da minha imaginação. Mas o Domingo é um dia capaz de foder seu humor. Principalmente quando você passa o dia todo em casa, mesmo lendo um livro muito bom. Mesmo dormindo numa cama muito confortável. No final da noite você pensa numa bicicleta e na vontade de andar por uma rua escura qualquer, sem o risco de um maldito estuprador. Mas aí, como sempre, é a literatura que aparece. De um jeito ou de outro, a literatura e a música sempre vão estar lá para te dar um empurrãozinho.
Fui eu no único blog de literatura que compreende meu desânimo de domingo. Já indiquei o escritor em outro post, mas tenho que falar, o cara sabe combinar a escrita com uma boa dose de Kings of Lion. Sabe dar a vontade de olhar pela janela e ver os carros que passam sem parar na via rápida.
É por causa disso é que eu ainda vou escrever alguma merda. Não posso morrer sem causar essa sensação em alguém. Essa sensação de compreensão. Nem é nada que está escrito, talvez sejam só as palavras do jeito que parecem.
Escrever é uma necessidade básica às vezes, mesmo que para escrever um monte de baboseira, como agora. E eu preciso dizer, é como ter uma bendita penseira e guardar num lugar seguro os pensamentos que ficam zanzando por sua mente.
E, no final, depois de escrever um pouco, eu posso até escutar A Sunday Smile de novo, só para voltar ao ciclo da manhã e completar o Domingo. Mas na verdade Young The Giant pareceu bem mais atraente. Cough Syrup. Talvez eu esteja pronta para um xarope de realidade nessa semana que chega.

Bruna Dancini

sábado, 4 de agosto de 2012

Transcendência da loucura.

Muitos se enganaram e pensaram que a loucura era uma maldição. A loucura é a bendita transição da mediocridade e compreensão da pequenez e do pertencimento ao eterno. Por muitos é atingida através da maconha, por outros por outras drogas quaisquer. As naturais sempre são o caminho mais fácil. Mas a verdadeira transcendência se atinge através da perfeita racionalidade e sem nenhuma alteração na capacidade do intelecto. Quando se abre os olhos, se enxerga os infinitos universos unidos na inequívoca teia da loucura e o caos. E se percebe o quão bonita é a dança da racionalidade cósmica.


Bruna Dancini.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O que fazer?

Pessoas como eu, que têm insônia, acabam achando coisas interessantes na internet. Mas, infelizmente, a verdade é que passamos a maior parte do nosso tempo atualizando o facebook ou olhando coisas fúteis. Não que minhas dicas sejam algo muito enriquecedor, mas podem pelo menos ser mais interessantes.



Para quem gosta de fotos, algo muito interessante de se fazer no tempo livre é acessar o flickr numa página em que aparecem fotos aleatórias, as melhores. Não são apenas hipsters com o instagram, como a maioria dos sites de fotografia, tem muita coisa profissional e muito bonita!

Algumas coisas interessantes que eu encontrei foram (clique no link para ver as imagens) :
http://www.flickr.com/photos/theotherdb/7681701040/in/photostream/

http://www.flickr.com/photos/bnafsj/7670593626/

http://www.flickr.com/photos/giuseppetondo/7691788054/

A parte mais legal é que do lado das imagens, além de haver outros trabalhos do mesmo fotógrafo, há informações como onde a foto foi tirada, com qual câmera, quando...

Já para os amantes da literatura, tem muita coisa legal na internet, mas um dos que eu mais gosto e tem atualizações bem frequentes é o literatortura, além de ser ótimo para matar tempo, há muita coisa sobre cinema, música, enfim, cultura para você ter papo pra jogar pro ar. Quem posta nesse site são estudantes de Letras, FIlosofia, História, Moda, entre outros cursos, é bem legal.

Já para os mais interessados em ciência, um site indicado pelo meu namorado nerdinho, o Gizmodo é o ideal. O site conta com várias matérias super bem escritas sobre tecnologia, astronomia, física e coisas do tipo.

De novo para quem gosta de literatura, eu acompanho uma blog-novel de um escritor gaúcho em ascensão, o nome dele é Gabito Nunes, já tem dois livros publicados. É bem clichê em algumas coisas, mas de modo geral distrai bastante. Ele faz várias referências literárias interessantes. No blog dele ainda tem uma ótima trilha sonora.

Se você gosta de moda quase sempre é mais fácil achar diversos blogs legais, eu, particularmente, gosto bastante do Vovó Santa, fala sobre moda sem ser aquela coisa muito louca com estampas e chapéis demais. É moda para gente de verdade.

Outra coisa muuito boa de fazer no tempo livre é ver seriado né? Mas sem o megaupload muita gente não sabe onde baixar. O Series Tvix  é atualizado diariamente e tem quase todas as séries mais conhecidas. Os links estão sempre funcionando e são bem rapidinhos. Os do rapidshare são sempre os mais fáceis.

Para dar risada, afinal não podemos ser cult o tempo todo, todo mundo já deve conhecer, mas não posso deixar o 9gag de lado.

Bem, essas são as coisas que eu faço na internet. além de ver fotos random de gente famosa, fuçar facebook alheio e vegetar paospoakspas

Espero ter ajudado a matar o tempo.