terça-feira, 18 de outubro de 2011

Profissional frustrado e amor.

Eu vejo gente tendo ataques e vejo gente sendo grossa, estúpida. Penso no que sou e no cansaço do meu corpo, meus nervos embolados. E olho pro lado e estou dando uma aula, e vendo meus alunos compreendendo e rindo e tentando fazer na sala um clima tranquilo. E eu esqueço, eu sei que são alguns minutos e que meus ombros dóem e as malditas agulhinhas nas orelhas vão continuar ardendo. Mas, mesmo com tudo, eu não vou gritar. Eu posso estar tendo um colapso ainda vou fazer eles rirem. Ainda darei uma ótima aula simplesmente porque eu amo o que eu faço. Se eu fosse uma vendedora de casas e amasse essas casas cada casa que eu vendesse seria a melhor do mundo. É assim que funciona.
É assim que é o certo. Eu li uma história certa vez em que uma esposa dizia ao marido "tudo que você faz é bem feito". Quando se ama o que se faz, quando se tem o amor não só pela coisa, mas pela vida, tudo sai perfeito mesmo se der errado, porque você dá o seu máximo.
Pode parecer besteira, auto ajuda ou sei lá, mas só quem sente sabe, não dá pra viver feliz se você não ama todas as partes disso, e mesmo consequências como uma puta de uma inflamação nas costas, valem a pena se você segue seu ideal.

brudancini

domingo, 2 de outubro de 2011

É, o tempo é uma coisa relativa

Se hoje fosse ontem amanhã seria ontem. É, e tem dias que duram 49 horas e dias que duram duas. E meses que duram dias e semanas que duram vidas, e um instante que resume a sua existência.

brudancini

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Onze meses

Se minha melhor amiga chegasse pra mim dia 29 de outubro de 2010 e dissesse, Bru, amanhã você vai conhecer, num barsinho qualquer, andando com o Saraiva, o homem que vai ser seu futuro marido. Eu iria rir da cara dela até minha barriga doer. Imagina? Tá doida? Eu achando o homem da minha vida num barsinho e andando com um piá que eu odiava? Jamaaaaais. Pois é, e quem disse que se prevê o futuro? Quem disse que seria eu a escolher? Quem me escolheu foi ele! Quem olhou com aqueles olhinhos tímidos e brilhantes e me deu toda a cerveja pra eu falar sem parar, enquanto todo mundo ficava enchendo o saco pra gente ficar logo, parece que todo mundo notou. E conversamos por HORAS, só conversamos, porque quando é amor, quando é amor a conversa pode durar dias. Ou o silêncio de um sorriso. E foi indo, a gente deu só um beijo aquele dia. E foi o suficiente pra me fazer esquecer qualquer um que tenha passado pela minha vida antes. Quem era aquele nerd com carinha de Harry Potter e que me fazia rir tanto? Que ficava brincando de mindfuck comigo no msn em vez de ficar me paquerando de um jeito chato como todos os outros? Que se tornou meu melhor amigo. E que no outro dia numa pracinha, eu tive que roubar um beijo porque ele tava com vergonha? Ele era o meu futuro marido. Ele é. Ele é o melhor namorado. Ele é que forma comigo o casal mais bobo de todos. Ele que fez os amigos falarem PQP essa menina tá sempre sorrindo. Pois é, com ele do lado como não sorrir? Ele cuida de mim, me diverte, me faz massagem, vê filme bobo, me carrega no colo quando meu pé dói. Ele é aquele que você diz esse é diferente, sem mentir.

Ele é o amor da minha vida. João Paulo de Carvalho.
Aqui, eu, Bruna Dancini Godk, declaro m 30 de setembro de 2011, que o meu amor durará pra sempre, como vem durando e crescendo nesses 11 meses.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

hoje preciso de você...

Aí eu fiquei com essa música na cabeça Hoje eu preciso te encontrar de qualquer jeito, porque sem você os dias são um saco e quando você tá longe nada tem graça, Nem que seja só pra te levar pra casa... ou o contrário, pra rir até doer a barriga porque você me carrega no colo porque meu pé tá destruido. Depois de um dia normal... esses dias de rotina chata que só mudam porque você faz essas coisas, e me beija devagar até eu ficar tonta. Olhar teus olhos de promessas fáceis, e de futuro prometido nós sabemos que virá. E te beijar a boca de um jeito que te faça rir, porque é o melhor som que posso ouvir na vida.

Hoje eu preciso te abraçar...
Sentir teu cheiro de roupa limpa...
Pra esquecer os meus anseios e dormir em paz!

brudancini

sábado, 17 de setembro de 2011

Uma tristeza pós chuva

E você me pede desculpas e eu aceito, e tudo bem. Mas aquela dorsinha por causa daquilo, aquela fisgada de ciúme, ou de mágoa qualquer. Aquela coisa que me dá vontade de chorar e eu engulo seco. E às vezes até explodo. Eu ando me magoando porque ando procurando, ou porque algo mudou? Liberdade no relacionamento é ótima, mas não sou sua amiga e você tem que lembrar disso sempre, porque eu não admito certas coisas. Você sabe muito bem como eu sou, com cada pingo no seu i, sempre deu certo. Você acha que eu não sinto que você fica de saco cheio de eu pegar no seu pé? Eu sei, mas é que eu quero o meu namorado de sempre, comigo. Só isso, nem é tão difícil. Quero provar pra todo mundo que essa história que o tempo muda os relacionamentos é bullshit e que nós seremos os mesmos. Eu teria me magoado com essas coisas há 9 meses atrás.
brudancini

domingo, 4 de setembro de 2011

Pessoas mudam?

Não. Definitivamente não. Nunca vi ninguém mudar de verdade. Eu só acredito que ninguém conhece o outro o suficiente para dizer "você mudou". Talvez tenha mudado o que mostrava para os outros. A máscara social. Mas o caráter não muda, os valores que você considera verdadeiros não mudam, por mais que você tente e por mais que você não os siga. Eles ainda estão no que você chama de consciência. E aí, chego eu e digo, eu não mudei. E essa é a melhor verdade que eu tenho a dizer, por ser quem eu sou agora eu me orgulho, e por ter conseguido largar falsas máscaras sociais eu me orgulho mais ainda. Mas, o meu maior orgulho é ter alguém ao meu lado que é tão forte, mas tão forte, que conseguiu chutar essas máscaras e ser quem é, sempre. E eu o observo e quase sinto inveja, mas principalmente, sinto força.
brudancini

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Chapéusinho vermelho... ou seria uma boina?

Era uma vez num império muito muito distante chamado Ussira uma família que morava no extremo esquerdo do reino. Nessa família vivia à filosofar uma pequena menina chamada Fidélia, mas era conhecida como Chapéusinho Vermelho pois, sua avó, Marcusca, avia tecido com seus companheiros uma capa do vermelho mais vivo que existia e assim a menina ficara conhecida. Porém, os anos de trabalho de Marcusca já haviam findado, e a velhinha ficava em sua cabana, sozinha no outro lado da floresta que era a fronteira de Ussira com a república de Carimea. Em Carimia ninguém apreciava a companhia de vovó Marcusca, então, a pobresinha nada podia comprar ali, sendo então sua netinha Fidélia a encarregada de levar seus alimentos semanalmente. Já há algumas semanas um grande Lobo também conhecido como Lobo Sam, e pitorescamente era um lobo azul com pequenas listras vermelhas em seu pescoço peludo. Como dizíamos, o Lobo Sam já há algumas semanas espreitava o caminho da pequena Fidélia. Enxergá-la em sua reluzente capa vermelha não era nenhuma dificuldade, e isso era facilitado ainda mais pelo fato da menina falar pelos cotovelos.
Certo dia, a garotinha saíra de Ussira e começava a atravessar a floresta quando Lobo Sam começou a caminhar ao seu lado, cumprimentando-a com sua bela cartola.
- Olá, chapéusinho, como estão os doces hoje em sua comunidade?
- Estão ótimos, são sempre iguais, iguais somos todos em nossa comunidade. - Respondeu uma convicta chapéusinho.
- Mas os docinhos que deve levar para a sua vó não devem ser especiais? Afinal, ela trabalhou por muitos anos para construir Ussira como você á conhece. -Dizia o Lobo Sam ainda com o seu sorriso fraternal e gordo.
- Não... bem, sim, ela é especial, mas todos devemos ser iguais!
- Mas chapéusinho, não seria assim um tédio se de fato todos fôssemos iguais? Como saberia eu que eu sou o Lobo Sam se eu fosse como você e usasse a sua capa vermelha? - Astuto, o lobo não esperou pela resposta e saiu pela floresta por onde seu riso alegre podia ser ouvido.

A dúvida plantada pelo Lobo Sam martelou na cabeça da garotinha e então a mesma decidiu que sua avó merecia alguns docinhos especiais. Então, sabendo a localidade da casa de doces de uma velha bruxa a menina encaminhou-se até lá, afinal, se todos éramos iguais aquilo não era furto era compartilhar, palavra que lembra companheirismo e é sempre bem vinda em Ussira. Assim, ainda acompanhada pelo olhar de Lobo Sam a menina embrenhou-se por uma trilha quase encoberta até chegar já uma grande casa feita inteira de doces. Silenciosa a menina tirou sua capa vermelha e escondeu-a atrás de uma árvore, afinal, chamaria muita atenção naquela cor. Levando apenas a sua cesta a menina colheu alguns bombons, e algumas trufas e também confetes e balas que jamais havia visto. Sua boca salivava ao ver aquilo, afinal, tais luxos eram dispensáveis em Ussira, se produziam muitas coisas para que todos ficassem bem, e essas coisas, luxos particulares, eram dispensáveis. Assim, a menina não resistiu e abocanhou um pequenino bom-bom. O gosto maravilhou-a mas bem nesse instante a bruxa sentira seu cheiro e abrira a porta. Assustadíssima chapéusinho saiu correndo, pegando sua capa apenas por poucos segundos e afastando-se da casa.
Assustada mas sorrindo por ter conseguido escapar a menina cantarola em direção ao fim da floresta e chegando à republica de Carímea. Logo que avistou a casa da vovó Marcusca sentiu-se orgulhosa por ter coisas tão gostosas para presenteá-la. Chegou a porta e bateu. Ouvia uma voz rouca de vovó mandando-a entrar.
Entrando ali viu alguém encolhido entre as cobertas na cama de sua avó e logo preocupada se manifestou:
- Vovó, a senhora está bem?
- Estou, minha netinha, só um resfriado. - A menina que era acostumada com a igualdade não reparou na rouquidão da voz da vovó, nem do volume enorme que seu corpo fazia na cama e foi sentar-se ao lado da avó.
- Ó vovó eu lhe trouxe os doces mais gostosos que existem, pois a senhora é especial.
- Sou mesmo chapéusinho, me dê cá um abraço - Então a velhinha abraçou a menina.
- Nossa vovó, mas a senhora está com uns olhos tão grandes!
- É porque estão cobiçando aqueles docinhos meu bem
- Mas está também com um nariz tão grande
- É porque sinto melhor o cheiro das guloseimas
- Mas também está com uma boca tão grande vovó - Então, livrando-se da máscara o enorme Lobo Sam se revela.
- É pra te englobar melhor chapéusinho.
A menina, apavorada, tenta se desvincilhar do abraço fatal e também grita. Eis que então, arrobando a porta, entra um bravo caçador, sua pele era amarelada e seus olhos como amendoas. Ele observando a situação, mas estando ali devido a um pedido de uma senhora idosa que cultivava doces que reclamara de furto em sua propriedade privada, suspeita de quem seja chapéusinho.
- Olá, os dois, nada façam até que eu ordene pois minha espingarda e meu machado podem matar qualquer um! Estou aqui como um lobo devorador e com uma pequena ladrona. Não querendo ser injusto com nenhum e sendo astuto como sou, darei uma alternativa à vocês. Farei uma pergunta, e vocês dois discutirão sobre ela, quem me convencer será poupado. Meu nome é Rumpelstiltskin e assim ordeno!
Tanto o lobo quanto a garotinha conheciam quão astuto era Rumpelstiltskin e decidiram acatar às suas regras.
- Então, me respondam qual sociedade no fim será mais evoluída, a república de Carimea ou o império da Ussiria?
Ouvindo a pergunta, chapéusinho riu. Conhecia todas as teorias do reino da Ussiria e sabia muito bem que a sociedade comunista era a melhor, pois não havia nenhuma injustiça. O lobo calou-se e meditou e então esperou chapéusinho tentar convencer o caçador.
- Pois bem companheiro caçador - começou a garota de vermelho - No comunismo todos nós somos tratados iguais e temos os mesmos direitos, assim não há injustiça, todos estudamos, todos comemos e todos temos uma casa, assim somos todos felizes e evoluídos. O senhor, um caçador tem os mesmos direitos que todos os outros da sociedade e por isso podemos todos viver numa sociedade perfeita, portanto mais evoluída.
Rumpelstiltskin considerou pausadamente a colocação da menina, então olhou para o lobo e esperou sua resposta.
- Chapéusinho, foi sua avó Marcusca que fundou os princípios da Ussiria. Muito amigos que já fomos, ela me contou o que acontece com todas as sociedades. Durante todas as histórias começadas com era uma vez sempre existiram oprimidos e opressores, sempre pessoas diferentes. À partir dessas diferentes classes e do embate entre elas sempre aconteceu a evolução, resultando numa sociedade melhor. No fim então a melhor sociedade que poderia existir agora seria o comunismo pois foia evolução de uma luta de duas classes. - Nesse instante o lobo parou por um instante e viu o sorriso convencido de chapéusinho e o olhar desconfiado de Rumpelstiltskin - Pois bem, mas se todos são iguais em Ussiria não mais haverá nenhum combate e nem diferentes classes para oprimir ou ser oprimido.
- Sim! Essa é nossa maior conquista - Afirma a entusiasta chapéusinho vermelho.
- Pois bem, chapéusinho e meu caro Rumpelstiltskin. A sociedade de Carimea tem diferentes classes, muitos são oprimidos e muitos são opressores. Mas eis que se há duas classes, de acordo com sua avó, haverá a evolução. Portanto, em Carimea a evolução nunca para. Já em Ussiria por tudo ser sempre igual, tudo está estagnado e nada evolui.
Boquiabertos tanto Rumpelstiltskin quanto a chapéusinho olharam para o Lobo Sam, esperando que ele devorasse chapéusinho. Porém, tudo que ele fez foi derrubar sua capa e assim libertou-a para viver em Carimea, provando que ali era o melhor lugar para se viver.
Lobo Sam então viveu por um longo tempo feliz para sempre em sua agência de markenting.

Bruna Dancini

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O ciclo da água

Escorrega no plano do vidro como se brincasse de escorrega num parque de diversões efêmeras. Sinto seu cheiro à misturar com o cheiro de terra e lembro do barro que se forma no meu tênis e as gostas que gelam minhas canelas. Mas com canelas em chá me faço quente e não posso mais incomodar-me com a chuva, quem a invade sou eu, não ela. Afinal o espaço de quem é? É dela, que cria o sapateado da Mãe nos tetos dos pais.
Com doces rajadas sopra ao meu ouvido os segredos dos dias da leitura, e encanta-me com suas histórias das infinitas passagens pelo vapor etéreo que logo se faz chuva e se faz chover e até que muitas vezes se fez lágrima e se fez chorar a alegria e se fez chorar a tristeza, o importante é que fez tornar ao seu e tornar à terra onde por fim nunca descansa.
E eu a escuto de olhares suspirantes e suspiros encantados de ver a gota que escorre no vidro e volta pro chão pra tornar ao céu e para sempre ir e voltar como faz meu humor para enfim fazer minh'Alma.

brudancini


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

‎"O livro acaba quando o inútil da felicidade principia" - Mário de Andrade

Andei me questionando porque não tenho escrito muito nem sentido muito a necessidade de escrever que sempre me foi peculiar. Lendo essa frase de Mário de Andrade reflito e acho uma resposta. As grandes sinfonias não te trazem um sentimento de angústia? Os grandes romances não são feitos pela tragicidade? Mesmo os contos de fadas não acabam no felizes para sempre? A arte nasce do sofrimento. E porque? Porque o sofrer desperta o nosso inconsciente e o traz à superfície. O inconsciente onde se abrigam todos os mistérios e toda a profundidade que há no homem, e aí, surge a arte, expressão mais profunda da alma humana. E porque? Porque essa alma humana não está conseguindo se manifestar através da felicidade.
Quando felizes, nossas almas, nossas identidades, ou seja lá como chame isso que compõe o que há de profundo no ser, do ser humano, repousa em águas mornas de um rio que corre tranquilamente, quase estático, e rios tranquilos e mornos não esculpem suas margens.
É bem por isso que enquanto felizes, depois do felizes para sempre, a arte não se manifesta como quando angustiados. Porque a profundidade do seu ser está manifestada no olhar em direção á pessoa amada que lhe corresponde. Então, resta-me o que não é arte, o estudo e a pesquisa, e aí posso manifestar talvez não a profundidade artística, mas a riqueza também da consciência.

brudancini

domingo, 7 de agosto de 2011

Abri assim meu blog e fiquei aqui pensando se eu ainda tenho algo à dizer. O mais engraçado é que até meus 16 anos eu sempre tinha protestos sociais à manifestar, indignações públicas ou confusões existencialistas. O negócio é que é mais fácil questionar tudo quando se é, de certa forma, inocente. Hoje, com uma bagagem social um tanto maior, eu percebo que ficar gritando aos quatro ventos que você não concorda, sem ter uma solução melhor, é mesma coisa que ficar calado. A prudência é amiga íntima do silêncio, e confabulam sobre o futuro em nossas mentes.
Me perco em leituras tão mais profundas que eu. As neuropsicoses de defesa, O existencialismo é um humanismo, A questão da técnica, Poesia Social, e parece que me superficializo, contente com o pensamento dos outros, afinal eles têm muito mais autoridade e eu sou uma mera pseudo-intelectual acadêmica que adora citar sempre os mesmos nomes. Pelo menos eu conheço um pouco desses nomes.
E paro para refletir se isso, de fato, é ruim. Isso de absorver o discurso alheio sem filtrá-lo muito para conceber um que seja meu. Não consegui chegar numa conclusão, afinal não tenho meu discurso. Não, baby, foi só a dose de irônia do café da manhã. Por fim percebo que tudo que acontece agora é o caminho de reflexão e antítese para chegar até a síntese que serei eu na minha maturidade. Mas por enquanto, agora, sou apenas um abstrato de conceitos em conflito.

brudancini

sábado, 6 de agosto de 2011

Faxinas Emocionais

Pois é, eu faço. Eu pego o meu armário emocional, jogo tudo em cima da cama e começo a separar por cor, se uso pra dormir, pra sair, pra estudar. Coloquei numa prateleira lá em cima, onde eu não vejo muito umas emoções passadas, sabe, cheias de bolinhas e que me dão alergia sempre que coloco. São emoções acinzentadas e ruim, que nas fotos sempre parecem coloridas e legais, mas na vida real só pinicam. Aí fui arrumar meus cabides, aquelas coisas que ficam bem visíveis assim que você abre o armário. Eu adoro guardar lembranças aí, uns sorrisos sabe? Rs, encontrei um sorriso da primeira vez que ele disse que gostava de me ouvir cantar. Essas emoções que ficam ali sempre dá pra reviver como se fosse agora. Aí fui pras gavetas, você meche, mas não quer que os outros saibam o que está ali. Coloquei ali minha insegurança e suas variáveis. E aqueles medos, sei lá, morte dos meus pais, o fim de nós dois, aquelas coisas que são insuportáveis. Mas que tem de ficar ali.
Aí fui pra prateleira dos amigos. Dobrei eles e deixei-os guardados, tem algumas peças que eu nunca vou dar, mesmo que não sirvam mais. Fiquei olhando alguns por algum tempo e sorri, junto com esses ficam lembranças que dão uma saudadesinha gostosa de sentir.
Aí fui pra uma das maiores prateleiras, competindo com as coisas de infância e de família. A prateleira de nós dois. Ela é cheia de coisas de diversas cores. Tem a insegurança, tem o medo, mas também tem a alegria, a paixão, o sexo, a amizade, os planos do futuro. É tanta coisa entre nós dois, e sabe é difícil organizar tudo e ainda dar espaço pra prateleira que tem uma etiqueta escrito eu.
E sabe eu ainda estou ali, estou ok, toda misturada com você e ótima por isso. E ao mesmo tempo que algumas coisas do eu meio que brigam por lugar com o nós, eu morro de medo de deixar algumas peças de você voltarem para o seu armário. Eu tenho medo de te deixar mais livre e acabar perdendo você. Eu sei que é egoísta da minha parte. Mas eu não quero te deixar ter opção.

brudancini
Alguém me falou pra tomar cuidado com as manias e a preguiça depois de um tempo de namoro. Faz um sentido absurdo. No começo somos engraçados, fofos, arrumadinhos, todo tempo. Não é uma máscara, é mais que quando você viu a pessoa só algumas vezes na sua vida é fácil de manter esse entusiasmo e essa alegria toda. Mas depois, quando você começa a ver todo dia, muitas vezes nem tem assunto, não tem novidade nenhuma, e tudo fica estranho quando você não tem uma vida além disso. E se você tiver, o outro acha que está perdendo a importância. Na verdade o que acontece é o contrário. Quando você tem a sua vida, as suas coisas, você dá mais importância àqueles momentos bons com ele.
Não sei se acontece com todo mundo, mas quase todo mundo que me diz sobre algum fracasso sentimental, tem alguma relação com a acomodação. Nos vemos todo dia, então nem vou arrumar meu cabelo. Pode ser uma roupa qualquer. Ele não vai ligar. E no fim, mesmo sem querer liga. Porque sentimos falta daquela magia incandescente dos primeiros meses.
Temos que continuar prestando atenção pra sempre sabe? Não é "não sermos nós mesmos" é construir um eu adaptado e que seja o eu pelo qual a outra pessoa se apaixonou. Às vezes nossas manias, nossos ciúmes bobos, mal humores, ou mesmo a hora de lavar a louça ou de dividir a coberta faz o outro te ver sei lá, como um irmão que você é obrigado a aguentar.
Eu sei que a maior parte disso é inevitável. Mas o tempo e o convívio aumentam a carga de tudo. Então nós temos sempre que prestar atenção. E eu ando simplesmente esquecendo de prestar atenção, deixando tudo ir como se fosse o destino, e não sou eu mesma que vivo elogiando Sartre e aquela coisa de que tudo que nos acontece é nossa responsabilidade? Agora abandono a inocência e me encarrego das consequências dessa reflexão. Temos sim que manter algumas máscaras, e principalmente, tentar agradar é o que mantém a chama viva.
brudancini

A saudade

Não vê que se entrega à preguiça de não escrever como se se entregasse à preguiça de tratar-se de um câncer? Como não vê que tua psiqué grita pela liberdade do desabafo? Que tuas opiniões estão vagas porque deixou de gritar. Grita, criança, grita que te fazem bem os ares do pulmão à fora. E grita na beira de um precipício de gente surda que é pra ver se pelo menos lêem os teus lábios e param de não pensar, tentam pelo menos adivinhar.
Que o silêncio é o veneno da alma que te leva para o animalesco lado da ilusão.
brudancini

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Cartas em Branco


Há, em minha mente, uma grande folha de papel toda suja de apagar com borracha verde. Eu escrevo e apago o tempo todo, e o título é a unica coisa que eu ainda não alterei. É o maldito título do texto que o DETRAN me pediu para escrever “Eu sou uma pessoa…” e eu não sei a resposta. Eu talvez tenha medo da resposta. Porque eu sou uma pessoa egoísta, egocêntrica, iludida, cheia de dúvidas. Metida. Tenho uma certeza infundada de um talento inexistente. Eu acredito piamente num sucesso que até agora não deu nenhuma mostra de realidade. Corro atrás de sonhos bobos e esqueço deles com uma rapidez incrível. Eu me arrisco e jogo tudo fora. Amasso a bendita folha só pra depois passar horas tentando desamassar o que eu acabei de fazer. Porque é que eu tenho que ficar me perguntando isso todas as noites sem conseguir dormir direito e no outro dia ficar morrendo de sono com a bendita dúvida ainda na cabeça. Sempre que tento desabafar com ele ele pensa que as dúvidas são sobre ele, mas que inferno, eu sei bem o que sinto e sei muito bem que é forte. O que não sei é quem sou eu e se eu mereço que você goste de mim. Quando estou angústiada sou o inferno, como é que aguenta? Eu quero jogar essa folha fora e não precisar enviar a resposta sabe-se lá para quem.

brudancini

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Escrevo como danças...




Escrevo como quem come um bolo de chocolate no lugar do almoço. É para matar a fome, mas é por prazer. Escrevo para matar a angústia, mas ao mesmo tempo me inundo de alegria escrevendo, por mais triste, por mais alegre. As palavras fazem cócegas aos meus dedos até que saem saltitantes. E quando verso? Quando verso elas dançam. Escrever porque? Porque tenho fome de expressão.

Bruna Dancini

Dicas: blogs

VARIEDADES

O Manual do Cafajeste






HUMOR







SOCIEDADE E CULTURA




POESIA



Em breve, mais

Dicas: Livros

Bem, faço Letras mas não indicarei livros como professora, e sim como admiradora de grandes aventuras

- Um certo Capitão Rodrigo - Érico Veríssimo

- O Reverso da Medalha - Sidney Sheldon

- Melancia - Marian Keys

- Orgulho e Preconceito - Jane Austen

- A Menina que Roubava Livros - Markus Zuzak

- O Castelo - Franz Kafka

- Os sofrimentos do Jovem Wrther - Goethe

- Amor de Perdição - Camilo Castelo Branco

- A Revolução dos Bichos - George Orwell

- Incidente em Antares - Érico Veríssimo

- Silmarillon - J.R.R Tolkien

- O Morro dos Ventos Uivantes - Emily Brontë

- O último Evangelho - José Saramago

- A Hora da Estrela - Clarice Lispector

Por enquanto é isso, mês que vêm eu mudo a lista

Dicas: Filmes

Não que eu seja lá uma grande crítica, ou uma grande cult para dar dicas de filmes, mas digamos que já tive uma vasta experiência, para quem não viu, indico totalmente:

Animações

- A viagem de Chihiro

- Ponyo: uma amizade que vem do mar

- O Expresso Polar

Comédia-Romântica

- Em seu lugar

- De pernas pro ar

- A garçonete

Romance

- Orgulho e Preconceito

- P.S: eu te amo

- Juno

Ação

- Laranja Mecânica

- Xeque mate

- A profecia

Aventura

- Ponte para Terabitia

- Dorm: o espírito

- O último dos moicanos

Drama

- O menino do pijama listrado

- Vidas Secas

- O pianista

Trocarei as dicas mensalmente, beijos
Eu olhei para trás. Uma última vez, era o fim do velório. Eu olhei para cada um dos rostos, e era como se cada uma das lágrimas estivesse fazendo o caminho luminoso que eu deveria seguir. O momento mais difícil, mais que morrer, que se despedir, é o momento em que eu, sozinha, devia partir. Uma última vez eu acenei para os meus pais. E eu caminhei, como se fosse apenas uma entrada para um cinema, tranquilamente, até onde tantos falavam, seguir a luz. Foi quando a luz invadiu meus olhos por completo. O Sol iluminava meu rosto, invadindo meu quarto por entre as cortinas brancas. Era domingo de manhã, meu estômago roncava, era como se não comesse há semanas. Estivera sonhando como por um ano. Quando levantei, tudo que quis fazer foi abraçar meus pais e dizer o quanto os amava. É incrível como um sonho pode fazer você se sentir. Eu queria sonhar mais vezes assim, pois acordei querendo aproveitar e dar valor a tudo que tenho. Pois, acima de tudo, eu sei que poderia ter sido real.

Bruna Dancini Godk

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Eu poderia descrever o rosto e sensação de cada um. Cada aviso. Mas meu tempo estava acabando e eu ainda tinha algo a fazer. Não sei explicar como, porque, mas Deus me mostrara que eu tinha algo a aprender ainda. O atestado de óbito saiu às 9 horas da manhã. Às cinco começou o meu velório. A surpresa era visível em todos. Havia alguns familiares doentes. Quem imaginaria que a moça que ainda nem completara 19 anos morreria? Eu fui pacata na medida do possível, universitária, namorei, ia a igreja. Não, eu não fui um alvo em potencial. Eu não busquei por isso. Mas incrivelmente eu não me sentia mal por ter partido. Mesmo com apenas 19 anos eu tinha feito tudo que devia fazer, eu tinha ensinado amor para quem eu poderia ensinar. Eu tinha aprendido a me amar com todos os meus defeitos. E com isso tinha aprendido a amar aos outros. Todos choraram, porque eu sorria no meu caixão. Eu havia pedido que doassem todos os meus órgãos e depois cremassem. Minha mãe segurava minha mão. E por mais que ela chorasse sem parar, e papai, e minha irmã, e até meu cunhado. Minhas primas... E minha melhor amiga. Ela estava ali sozinha num canto com seu bebê. E chorava silenciosa. Soluçava baixinho para que ninguém visse. Eu fui sua irmã. Eu continuaria dando conselhos de onde quer que eu estivesse. E talvez agora, agora ela escutasse e se entregasse mais ao amor. As horas se passaram, até algumas piadas foram contadas na madrugada. Eu senti mais amor que jamais tinha sentido em vida. Meus pais abraçaram meu namorado. E eu os abracei. Eu sempre fui curiosa, e mais que nunca agora queria partir. Seria duro deixar tudo para trás, mas eles poderiam dizer que dormi em paz. Eu amei e deixei amor. E eu, alma, parti, num último adeus, soprei lírios brancos pelo gramado. Era minha flor favorita e talvez ninguém soubesse. Eu quis dizer que os amava, todos ali. E quando entrei no tunel que me levaria ao próximo nível...
Eu poderia ficar horas, dias, lembrando, ali em seus braços de tudo que tivemos. Mas, essa não é a história da minha vida e sim a história da minha morte. Eu sabia que de uma forma ou outra, eu estava partindo, e não tinha muito tempo. Eu beijei as suas pálpebras. Você sentiu? Estou apenas te olhando assim, tranquilamente pela última vez. Queria ter te mostrado minha coleção e cartões. E ter ido tomar vinho com você. Me desculpe por não cumprir minhas promessas. Eu te disse que seria para sempre, eu te disse que iríamos viajar, você lembra? "I don't wanna loose your love, tonight" é a música que toca no seu celular.Que poderia ser mais irônico do que não querer perder meu amor essa noite? Bem, pelo menos jamais perderá para outro. Você sempre será o que eu permaneci amando. Seus olhos estão cheios de lágrimas e você não consegue falar nada. O celular caiu no chão e você sentou na cama. Sem dizer nada. Não, você não gritaria como mamãe. Nem choraria histéricamente. Você apenas guardaria enquanto seu coração morria comigo. Você olhou a abelhinha que eu deixei para cuidar de você enquanto eu viajava. É, amor, agora fui eu que viajei, e ela vai ficar aí pra cuidar de você. Mas sabe, incrivelmente, com você não consigo pensar em nenhum arrependimento. Todos os dias eu disse e mostrei o quanto eu te amava. E eu sempre soube que com você era o mesmo. Você vai chorar por muito tempo ainda. E ninguém vai entender porque você sumiu da UTFPR. Mas eu sei. Você não aguentaria lembrar de nós em todos os cantos. Você tentaria fingir que está bem e confortar a todos. Mas eu levo comigo o melhor de você...
Lembrei-me quando tive minha primeira paixão. Rabiscando o sobrenome na minha agenda. E achava que era amor. Sentada na ambulância, olhava meu próprio corpo desfalecido. Por um segundo me senti fora de tudo aquilo, esqueci do sofrimentos dos meus pais. Só o que sentia eram borboletas num estômago que nem era mais meu. Eu ri sozinha vendo cenas que poderiam ter sido patéticas, mas eram parte do eu vivi e, ironicamente eu lembrava mais vividamente agora, do que quando realmente estava viva. Me passaram as paixonites pela cabeça, me passaram os namorados. As cenas mais inúteis, e incrivelmente as mais importantes me fugiram. Eu não estava mais na ambulância, eu cheguei ao presente depois da minha breve viagem às lembranças. E eu estava sentada na cama dele, os pés para cima, como costumava fazer todas as tardes. Ele estava deitado, mas acordado. Tivera um pesadelo. É incrível como ela sabia que ele havia sentido. Mas quem é que avisaria o namorado? No meio do sofrimento, meus pais sequer lembrariam. Eu aproveitei seus momentos de tranquilidade, e me aconcheguei em seus braços, debaixo das cobertas, como eu adorava fazer, enquanto pude. Fechei meus olhos e senti a respiração dele se acalmar na minha nuca. Mas quem se arrepiou foi ele. Lembrei do primeiro dia que sentamos numa pracinha e conversamos por horas... Do primeiro filme. Mas as cenas do meio é que chamavam a atenção. O jeito como ele segurava meu rosto entre as mãos enquanto me beijava devagar. Ou quando me tocava devagar. Eu ouvi novamente ele me contar os detalhes desde sua infância. E ninguém ia conhecê-lo como eu conheci. Conheço? Nem conjugar os verbos eu sei mais, passado? Eu nem sei se sou apenas uma lembrança, mas não me sinto partir, é mais como assistir...

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Eles pegaram meu corpo e colocaram na ambulância. Eu sempre quis andar numa ambulância. Mas não era tão emocionante agora não é? Mãe, não precisa chorar, eu estou aqui, e não está mais doendo. Ela passa mal. Eu tento abraçá-la, mas ela está muito nervosa, não vai sentir. E é aí que os médicos decidem avisar meu pai. Ele deve estar chegando do trabalho. Morrendo de sono. Ele não vai aguentar. Não, ele não vai mais conseguir ser forte. Ele sempre foi forte por mim. Antes que contem pra ele, eu estou ao lado dele e seguro sua mão. Eu sussurro o que eu dizia todos os dias... pai, eu amo você. Ele pára a moto e Deus visita o coração dele. Deus dá forças para ele continuar de pé, ninguém disse, mas ele já sabia. O celular toca, o coração aperta, e quando ele atende é na língua dos anjos que mamãe diz que eu fui embora. Ele ajoelha-se no acostamento, e grita. Tem um monstro ali. A agonia. Um carro pára e oferece ajuda. Ele não consegue falar, eu peço pra Deus que por favor guarde ele e dê forças. Ele vai pro hospital. Ninguém sabe como ele conseguiu chegar já que as lágrimas cegavam seus olhos. Foi Deus quem levou ele até lá. Ele e mamãe se abraçam, minha irmã está chegando também. Será que alguém ainda tinha algo a me dizer? Será que algum dia eu fiz eles felizes? Mas acho que nenhuma felicidade compensa a infelicidade que preenchia o local. Pai, eu sussurro em seu ouvido. E ele me escuta, a mesma voz que guardou tantas vezes a vida dele, agora deu lugar para que eu falasse. Pai, cuida da mamãe, eu estarei aqui, e estarei bem...
O porteiro chama minha mãe desesperado. Ela estava se arrumando para ir pra academia. Ela grita, ela chora e todos esperariam um desmaio, mas ele ajoelha-se ao meu lado e diz pela primeira vez que me ama. Todos sabiam que ela amava, e principalmente eu, mas ela só disse quando o ar tinha ido embora. Eu estou sentada ao lado dela, e quando toco seu rosto, ela pode sentir. Uma leve brisa. E eu quero chorar, não mãe, não chora, não é sua culpa. Eu sempre soube o quanto você me amava. Ela abraça meu corpo, mas eu não estava mais ali. Eu tentei voltar, quando os médicos deram o choque. Eu tentei. Mas o fio havia se rompido. Não consigo remendar mãe, me desculpe por ter deixado meu guarda-roupa bagunçado. E me desculpe por ter aprontado. E por te fazer chorar, me desculpe se até no fim eu fiz isso. Mas eu sempre soube...
A freada, o primeiro baque surdo, e o barulho inconfundível do corpo ao bater no chão. A bolsa ainda meio aberta, voa o celular, o livro, estava lendo Harry Potter, afinal, eu estava de férias, e já basta ler Machado de Assis durante as aulas. Foram 12 segundos. Entre a batida, a dor das costelas perfurando meu pulmão e o sono tão forte que não resisti a fechar os olhos. Foram os 12 segundos mais longos do mundo. Uma risada estridente, meu pai ainda tinha cabelos pretos, e me agitava no colo. Flash, minha melhor amiga de infância correndo atrás de mim na "rua de traz", meu avô rindo com aquele cheiro de caminhão misturado com colônia. Meu primeiro beijo. Minha festa de 15 anos. O dia que não passei no vestibular. O dia que minha mãe foi pro hospital com um tumor no cérebro. O dia que ela melhorou. O dia que meu pai teve um infarte. O dia que descobrimos que foi alarme falso. O dia em que vi o meu afilhado nascer. O dia que passei no vestibular. 11 segundos... O dia em que ele me deu o primeiro beijo. O ar estava acabando, mas foi o maior segundo do mundo. E só uma lágrima, sozinha, escorreu junto com o último resto de ar dos pulmões perfurados...

A fabulosa história do dia em que eu morri

Era uma vez num reino... muito perto daqui, chamado Curitiba uma jovem donzela, tá, uma adorável moça normal. Ok, essa história não combina com um era uma vez, nem com um reino distante. Essa história é sobre um carro, sangue, e o que vem depois. Todos os dias eu vou pro meu estágio, bem cedo, ainda meio dormindo, o cabelo preso, fios escapando, ventava um pouco, chovia de leve, e eu, atrapalhada como sempre, tentava segurar o guarda-chuva, colocar os fones de ouvido e achar o dinheiro para pagar o ônibus Eu moro na rua principal, e o ônibus passa em frente, não levo nem dois minutos para chegar ao ponto. Dois minutos podem mudar vidas. Dois minutos podem acabar com vidas. E dois segundos também...

sábado, 15 de janeiro de 2011

Sentada inerte na poltrona no canto do quarto, divaguei sobre inúmeras coisas. O som dos carros passando lá, embaixo da janela, dão a sensação de um falso movimento. Porque no fundo é círculo e eles sempre voltam para o mesmo lugar. O círculo é algo mágico e maldito, ao mesmo tempo. Nas grandes proporções você vê que somos um grande círculo de vida e morte, de expansão e contração. De buracos negros à grandes estrelas. De pó à homem. E é um círculo que não acaba e que não tem início ou fim, assim como todo círculo. O infinito na verdade é um círculo. Não quer dizer que ele nunca pare de aumentar e, sim, que ele vai e volta eternamente. O que quer dizer que sempre podemos recomeçar. Agora você se pergunta, e a parte maldita? É que no fim a linha do círculo é a mesma linha, e por mais que fujamos, tentamos evitar, os erros são sempre os mesmos. Nós aprendemos com eles, sim. Mas muitas vezes eles voltam através de outras pessoas. Tudo que você possa pensar é dualístico. Nenhum mal vem sozinho. Nenhum bem vem sem o seu preço.

brudancini

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Quando eu me entrego à leitura, meu mundo muda de cor. As paredes somem e eu tenho liberdade pra ir onde quiser. Mas sabe, não é qualquer livro que te proporciona isso. Alguns livros simplesmente te carregam para outro lugar sem o menor esforço. Pseudo-escritora de crônicas, estudante de Letras, eu, fico aqui imaginando quando é que serei aeroporto de mil viagens para leitores que se maravilharão com as descrições dos lugares mais incríveis da minha cabeça?

Volto pro meu paraíso particular, me dando vento no rosto que não existe. Você diz que estou sentada na cadeira do meu trabalho. Eu te digo que estou viajando, Inglaterra? Seria a Australia? Só eu posso determinar. A magia é minha, basta saber usar.

brudancini

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Um filme de você

Há noites em que o sono me abandona, e as luzes que entram pela cortina do meu quarto começam a formar lembranças, mas, ontem, excepcionalmente, essas imagens não foram flashes de lembrança. Um filme se formou em frente aos meus olhos. E esse filme começou dia 30/10/2010...

O ano de 2010 inteira tinha trazido muita coisa boa, mas também levado grandes pedaços do meu coração. Sem historinhas melodramáticas, cagadas minhas, cagadas alheias. Eu chamo de destino, aquela junção de fatores que te levam até onde você deve estar, no momento em que deve estar. Não foram poucas as batidas de cabeça nos meus relacionamentos. Algumas com galos, outras com cicatrizes, mas todas elas com lições que, até então, eu não havia aprendido como usar. Eu sai, como qualquer uma das mil vezes que fiz esse ano, talvez até com menos ânimo do que o habitual. Mas fui, sozinha. Aniversário de uma amiga, amigos dela. E eu me sentia completamente sozinha, apesar dos conhecidos por perto. Mas se algumas vezes não nos sentíssemos sozinhos, não teríamos o entusiasmo para conhecer pessoas novas. E o destino colocou ao meu lado um rapaz, que não viria a ser qualquer rapaz na história que viria a seguir, no livro da minha vida. Eu puxei papo, ou será que foi ele? Não lembro direito. Ele era amigo de alguém que não me trazia boas impressões, mas entre uma cerveja e outra, pelo menos ele era engraçado. Fui conversando, e conversando, e foram passando horas e minhas amigas notaram e digamos que se movimentaram até demais a favor de que acontecesse algo entre nós ali. Mas se fosse um beijo ali, assim, seria apenas mais um da minha coleção de selos. No último minuto, o carro me esperando lá fora ele me deu um beijo, meio desajeitado, meio envergonhado e meio que fez um sorriso bobo surgir no meu lábio. Depois desse dia eu vi esse rapaz todos os dias. E todos os dias eu não acreditava que tivesse tanta sorte e quase buscava por algo errado, porque não conseguia ver nada. E os meses foram passando, e parecia que eram anos. E nós dois conhecíamos um ao outro como melhores amigos. E fomos conhecendo cada detalhe da boca, e cada arrepio do corpo. Como se fôssemos um só. E, incrivelmente, eu não precisava representar. Era eu, de pijama, de cabelo bagunçado, era eu arrumada e de maquiagem, mas era eu cantando desafinada. E era também eu tendo ataques de riso. E meio sem querer, meio sem palavras, nós não estávamos só ficando. E conhecemos família, e amigos, e viajamos, e tudo isso foi num espaço tão curto de tempo, me tirou o fôlego de tal maneira, que todas as cicatrizes e galos das minhas batidas de cabeça estavam encobertas pela tontura do momento. E ontem uma conversa paralisou tudo. O que rodava ficou parado. E as cicatrizes apareceram, e também os galos mais recentes. E doeu. Doeu como a realidade tem o poder de fazer doer. Uma dor de roxo. Dor de hematoma. E foi uma conversa dura para os dois lados. E os hematomas dele estavam tão a mostra quanto os meus. E fui para a cama como se o sono fosse vir. Como se dormir fosse surtir efeito e foi quando o filme de todos os dias passou pela frente dos meus olhos. E no final do filme, vendo como se não fosse eu, mais uma vez eu me apaixonei por ele. Por ele com todos os seus hematomas. Por ele com toda a nitidez da realidade. E eu lembrei do cheiro do abraço. Do sabor do beijo e a sensação das mordidas. E eu lembrei das conversas sérias. E das conversas brincadas. E eu abracei meu travesseiro e pensei, eu jamais te deixarei partir. E sabe, não é pelo egoísmo de saber que meus dias não teriam graça sem tudo de você por aqui. É por saber que sou a única que traz o melhor de você à tona. E eu sempre vou ser. Não importa se não for pra sempre eu e você. Mas será pra sempre amor.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Eu costumo me preocupar, conhecer e analisar as dores de todos. Eu costumo ser o ombro amigo. Eu pergunto se as pessoas estão bem, realmente querendo saber se elas estão. Mas às vezes me pergunto, quem é que faz isso por mim? Às vezes as pessoas tocam feridas suas e em vez de tentar curá-las, elas arrancam a casca da cicatriz, sem perceber que a dor não vem do machucado, vem da mão de quem arrancou.

brudancini
eu odeio usar palavras demais quando tudo que eu queria dizer voce poderia ver nos meus olhos, sem erros de interpretaçao

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Só pode ser mania de mulher

Bater perna , como diz minha mãe. Esse era o dia de bater perna. Redecorando a casa, lojas de bugigangas inúteis e lindas, lojas de móveis, lojas de eletrodomésticos, lojas, lojas, lojas. Mas a estória mesmo foi a loja de cama, mesa e banho. Eu pegava aqueles lençóis de seda como se fossem jóias delicadas, a maciez seduzia minha mão que nem folha de livro novo. E as toalhas fofas, desenhadas, lisas, brancas, rosas, azuis, florais. Aquelas camas enormes com mil travesseiros. Fiquei viajando em um mundo paralelo, e o que vi? Um quarto com uma janela grande, o Sol entrando e iluminando a pele branca de um braço de fora dos lençóis brancos. O braço cobria um corpo, cheio de cabelos espalhados. Era outono, podia ver as folhas de uma árvore secando pela janela. O cheio do amaciante naqueles lençóis misturava-se ao cheio do perfume dele. Mil travesseiros, e a minha cabeça estava no peito dele, por baixo daquele braço forte. É, eu viajo no futuro. E o engraçado é que você está em todas as minhas visões.

Cada vez mais, vejo que sou mais coisa do que gente. Gente que vejo por aí? Que não te dá a mão se você cai. Gente que te empurra pra entrar num ônibus sendo que os dois ficarão de pé. Gente, gente que é multidão de solitários? Ah não, não quero ser gente. Tem toda essa gente bonita que esquece da cabeça, toda essa gente pensante que esquece do carinho, toda essa gente carinhosa que se aliena. Não, pra que ser gente? É pra falar? Só se for pra escrever. Porque de tudo que falamos, é tudo prova que somos gente, essa gente egoísta de toda a gente. Essa gente toda cheia de coisa e com pouco sentimento. Pra que tanta coisa? Quando é que vai começar a se decompor? Não, assim não dá. Eu sou coisa. Coisa que nem cachorro. Cachorro que não tem nada. Mas ajuda, salva, ama, sou tipo cachorro que pensa. Que chora num minuto e dois minutos depois abraça. Sou tipo pinguim, que vive a vida toda por um amor. Sou tipo tartaruga que atravessa o oceano todo pra encontrar os pais. Mas gente, isso não sou!

brudancini

Deitada na cama dele como se fosse sua, shorts largo, cabelo bagunçado, cara limpa. Olhava pra ele com um ar que nem conhecia. Eu apenas o observava. Cada um dos fios bagunçados de seu cabelo. A pele branca e a barba recém-feita que ainda deixava marca. E ria, e ele me jogava da cama como criança, e ria. E era uma criança adulta, era corpo de mulher e riso de menina. Olhos estreitos enrugadinhos de rir. E eu disse que faria uma crônica sobre a pizza, e ele poetizou brincando, fingindo que não sabia de nada, mas as palavras mais bobas dele eram poesia no meu ouvido. Nós poderíamos fazer qualquer coisa inútil do mundo e seria o paraíso. Ficar deitados dormindo ouvindo a chuva. Eu não dormia, sentia o cheiro da sua pele recém banhada. Sonhei acordada. Era eu e você e mais ninguém, e nossa casa. E eu via eu e você brincando para sempre, você me perseguindo pra me jogar no chão e me dar um beijo macio como são só os teus. Quem é você que me tira a rotina mesmo se fizermos a mesma coisa todos os dias? Quem é você colocando tudo que eu nem sabia que estava bagunçado, no lugar que agora parece perfeitamente certo? E eu que descubro, nem sabia o que era alegria antes de rir com seu beijo de bebê sapeca. Que é que a palavra amor diz? Eu acho que não diz nada. Porque bem antes de ouvir essa palavra de você, eu já tinha certeza de que era algo muito maior que acontecia. Tem uma musiquinha de toque macio, tenho sorte por amar meu melhor amigo. Tenho sorte do meu melhor amigo ser o meu amor. E a pizza cadê? Nós dois montando pizza, o estômago roncando, mas quem disse que a fome consegue ser maior que a vontade de te abraçar? Nada pode. E eu fico aqui como se fosse normal esquecer que se tem qualquer coisa da vida além da sua presença. Todos os outros momentos eu estou pensando nela. Vício. Eu bebo do seu álcool como água de garrafinha. Finjo que não é nada, mas lá no fundo eu sei muito bem que são mudanças profundas e que eu devia ter medo, mas assim como tudo, você mudou até meu medo, escondeu onde eu não encontro, como se ao menos tivesse procurado, pff...

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

After G day

A: - E aí amiga como foi? Conta tuudo.
B: - Ai, foi a treva, credo, nem te conto.
A: - Nossa, o que aconteceu pra ser tão ruim? O Rodolfo era uma gracinha!
B: - Credo, ele ficou falando de futebol com os amigos dele, nem me deu atenção. Depois fomos pra casa dele e adivinha? Já veio pra cima de mim cheio de dedos! Aí deixei passar, afinal ele era uma gracinha, mas a transa foi péssima e depois ele dormiu como um ogro, fui pra casa de táxi.


Quantas mil vezes já escutei diálogos assim por aí? Eu paro e fico com a minha maior cara de Aristóteles me perguntando, era mesmo o "Rodolfinho" que era a treva? É o tipo de garota que sai com um garoto e os amigos e quer ele só pra ela, toda a atenção do mundo. Provavelmente fica grudada no pescoço dele a noite toda e não dá papo pra ninguém, alias, provavelmente não é nem por má vontade e sim por não ter papo. Aí a garota vai pra casa do guri no primeiro encontro e espera que ele seja o senhor comportado e vá o que? Convidá-la para um jogo de xadrez? Eu acho que nós, mulheres, temos o que procuramos. Por mais que doa admitir, sempre que acabamos com idiotas ao nosso lado, demos chance pra esses idiotas entrarem. Sabe, ninguém é totalmente retardado e ninguém é totalmente perfeito. Se você fosse mais legalsinha, será que ele não ia rir com você na roda de amigos e não de você, quando você virou as costas? Mulher tem mania de reclamar de homem e não faz nada a respeito. Se você só conhece idiotas, ohwait, será que são todos eles que são idiotas ou... ?

Bru Dancini

Sobre delicinhas, menores de idade não leiam esse texto, eu acordei apimentada. Todos os tabus à parte, eu sempre achei que o sexo em si era uma coisa superestimada. Depois da terceira vez você fica meio ah, legal, sexo. A maioria das pessoas esquece a melhor parte disso. O jogo das preliminares. É uma coisa de olhares, de beijos quentes. E os arrepios? Esses matam. Já deu vergonha e você tá lendo isso vermelha. Amor, vai ali no canto, reza três pais nossos e volta aqui. As garotas tem o erro de serem extremos. Ou você é uma santa que fica vermelha ao ouvir a palavra pênis ou você é uma bitch que dá água na boca ouvindo a palavra pênis. E onde é que estão as meninas que se reinventam todo dia com seus namorados? Que brincam, seduzem e, principalmente, seduzem todo dia o mesmo cara. Porque seduzir um cara por noite é fácil. Você joga a make, bota aquele corpete e tá uma delícia. E quando você tem que ser sexy de pijama de bolinha? Ou quando ta com a cara toda manchada porque é uma branquela e passou o dia no Sol da praia? Meu bem, essas são as mágicas. Elas sim sabem brincar. Levar ao céu com um olhar. Meu público que me perdoe, mas hoje acordei apimentada. Enfim, voltando as preliminares (aidelicia) é aí que está toda a magia, principalmente pras mulheres, essa é a hora realmente do prazer. E com medo de parecerem vadias as meninas vão logo pro papai e mamãe e perdem toda a diversão. Se joga linda. Curta sua feminilidade, não tenha vergonha de pedir. De fazer. Se você começou, faz bem feito.

brudancini

Fotinha doce do dia, mas cuidado amores. Eu estou é apimentada

Eu leio frequentemente textos que falam "esqueça o passado", "viva o futuro", e todas essas mensagens cheias de positividade. E eu sento aqui em frente à mesa do meu estágio, na mesmisse de sempre e fico pensando. Se fosse natural do ser humano esquecer o passado nasceríamos só com a memória recente. Assim como se fosse natural ser feliz o tempo todo não teríamos glandulas lacrimais. Mexi no lenço em torno do meu pescoço meio sufocada ao ler que eu mesma vivo perpetuando essas mentiras fofinhas mundo afora. Ai que cheiro de perfume barato que isso tem! Acorda pra vida meu amor. Ninguém esquece o passado. Seja ele de dois anos, dez anos ou dez dias atrás. O máximo que você pode fazer é se acostumar com ele, aprender as lições e aproveitar as farras que passaram. Querer apagar seu passado apaga o que você. Se joga na realidade amiga


brudancini

Eu dormi pensando nele e acordei pensando nele como faço todos os dias. Eu dormi com uma sensação de perda. A maldita da ervilha debaixo dos mil colchões me cutucava com se fosse o monte Fugi por cima de uma folha de papel machê. Eu fingi que não era nada, me escondi por trás do sono enquanto sabia que ele precisava de mim. O que fazer quando sabe que está uma imprestável? Fiquei ali tentando achar coisa que não existia, dar explicação pro que não precisava me enrolei e dormi sabendo que eu tinha baixado o nível da balança da conquista. É, foi ele quem me ensinou, que todos os dias, antes de dormir, ele põe na balança nossos sentimentos, e o objetivo é que todos os dias eles aumentem. Mas eu nunca fui muito boa com balanças e elas sempre me contrariaram. E dessa vez eu acho que baixei a balança dele, porque eu não tinha como tê-lo conquistado. Fui rabiscando coisas na minha mente, ele desabafava como só conseguia comigo e eu não fiz absolutamente nada. Tive raiva, de mim. Tive ódio de quem, antes de mim, sem que eu pudesse evitar, magoou o coração dele, que horas, era meu! Ah, se eu a visse eu não deixaria barato. Só eu mesma tinha o direito de magoá-lo e ninguém mais. E aí eu dormi um sono sem sonhos, agitado, calor, frio, lençóis que me deixavam maluca enquanto se enroscavam pelas minhas pernas. Mas o que se enroscava mesmo era a raiva. Uma angústia. Será que a história de que se a pessoa amada estava mal, você sentia e ficava pior? Se não era verdade, é melhor eu ir pro médico logo, porque aquela sensação surgida do nada é caso de morte. O nome disso é dor de garganta, pensei. Porque minha garganta dói por não poder gritar no ouvido de uma certa vagabunda que ela não tinha o direito de machucar o meu Clark Kent. Mas para você ser a Louis, sempre tem a vagaba da Lana pelo caminho. Fiquei pensando o que é que eu falo pra ele? Como é que curo algo que nem eu curei em mim até hoje. E eu disse para que ele curasse seus traumas em meus braços, mas eu? Imperfeita e desfeita, como é que faço pra ser como ele merece pra esquecer as experiências ruins? Eu como areia sem saber o que dizer, e ela desce pela minha garganta empurrando as palavras que estavam lá. Como é que eu faço pra te ensinar a confiar no amor, se nem eu bem sei direito?


Bruna Dancini

domingo, 9 de janeiro de 2011

Sabe-se lá porque, eu conto tudo por mais que isso machuque minha alma. Existem alguns assuntos que por mais antigos que sejam, vão sempre machucar você. E os piores são aqueles que foi você que fez. Não, ninguém me magoou. Ninguém me iludiu. Eu, idiota que sou, joguei minha imagem no lixo simplesmente porque não queria que jamais ele descobrisse algum podre meu de qualquer outra boca que não fosse a minha. Por mais que você pudesse duvidar, eu te entregava toda a minha alma, quase chorando olhando para um passado ridículo. Mas, vamos lá. Todos fomos adolescentes. E adolescente rebelde era meu apelido. Tudo que eu tinha pra fazer de errado eu fiz. Mas quem eu sou hoje? Alguém que pode dizer não sabendo do que está falando. Eu sou a mudança que quero ver. Eu bebi, eu fumei, eu dei fiasco. Eu fiquei com idiotas. Eu fiz tudo isso. Fugi de casa, falei besteira. Andei desarrumada. E tudo isso faz parte de quem eu sou agora por que, mesmo querendo, eu não posso apagar quem eu fui, pois se não deixaria de ser quem eu sou. Eu sou a mulher decidida, que sabe o que quer, trilha seus caminhos, segue seus objetivos. Entre uma cagada e outra ela sempre esteve aqui. Afinal, entre uma rebeldia e outra, eu era a melhor da classe. Eu passei no vestibular. Eu fiz o que devia fazer. E aprendi com muita dor a me afastar do que fazia mal. Aprendi deitada no divã a olhar pra dentro e me achar e jamais procurar lá fora.
Eu te assusto. Eu sou uma gama que nem mesmo conheço e ofereço a você como se fosse um chá morno. Mas eu além de todos os erros, sou toda a aprendizagem.
E eu tenho tantas lembranças que já não tem espaço na minha cabeça. Sem espaço, sem jeito conversei com meu coração, mas esse… Esse não tem respeito, disse rindo-se, vai-te embora que pra ti só tenho sentimento. E fui, como quem não quer nada, menina, desamparada. Chorei pra Deus, que não queria esquecer. Tão meigo, com suas doces mãos me envolveu e disse, filha, te dei um presente chamado alma, mas se pores lembranças nela, jamais de lá poderá tirar. Menina boba, menina, sorri. E com aquele sorriso de brilho de amor de orgulho, concordei. E n’alma guardei todos os detalhes dos dias das noites dos sorrisos das lembranças do amor. E agora, agora, menina! Não esqueces jamais, do presente, que te dei. Porque n’alma não te deixo por tristeza e é só amor que guarda em eterna beleza.

Enjôo

Eu estava com vontade de escrever e de escrever coisas que não eram bonitas. Estava vomitando palavras feias, e olhava no espelho e me via verde. Porque estava empilhando papéis e mais papéis sem sentido, com obrigações, com rabiscos, com algumas lágrimas perdidas, com desconforto, tinha até cólica desenhada naqueles papéis. E o cheiro do meu próprio perfume me enjoava. Estava ali sentada, embaixo de todo aquele papel amarelado. Tinham currículos ali, e eram tantos nomes e atributos hipócritas que me faziam dar voltas e voltas e querer jogar tudo fora. E aquela voz enojada de nariz empinado me oferecia o mundo. O mundo. Mundo vazio, cheio de coisas vazias. Coisas vazias cheias de futilidades. E eu, quase virando um deles, vomitava e vomitava palavras. E eram carros, e marcas e baladas e casas, e restaurantes e festas, e famílias e críticas. E eu não parava de rodar, rodar, rodar. Era tudo muito rápido, que opção eu teria de escolha? Então continuava rodando. E no final eu estava ali, sentada na mesa daquele restaurante, com um salto alto que não combinava comigo, com uma cara enojada e uma voz hipócrita. Criticando a sociedade da qual eu acabara de fazer parte. E ria, ria alto, ria de histeria. Ria de pavor. Que nojo. Aquela mão se insinuava na minha direção e eu queria fugir como doida. E aquela boca falava e quase me fazia jogar aquele copo na cabeça dele. Eu estava totalmente perdida, e fazia parte deles. Todos os sábados aquela balada. Todas as sextas aquele restaurante. E todos os domingos aquela família sem sorrisos.

Sai correndo, entre lágrimas e ele achou que era a falta que me fazia. E se sentiu culpado e escreveu textos e cartas e chorou, correu, gritou. E quanto mais ele vinha atrás mais eu achava que não tinha jeito de fugir daquele mundo. Sentia o cheiro daquele mundo em mim. E todos me perguntavam, porque não sai mais? Não te vimos mais lá. E eu ria, histérica, olhos cansados e maquiados.

E mais uma vez entupi meu rosto de máscaras, e meu corpo de muros, e minha voz de escudos, e saí. Sentei entre amigos me sentindo completamente sozinha. Cheia dos meus péssimos sorrisos falsos, dos meus acenos desanimados. E aí, como já não fazia a menor diferença eu dei papo. E virei um copo, e outro. E sorri mais e sem querer deixei cair minhas máscaras. Procuro feito doida por uma delas, debaixo da mesa? É a de menina popular? Não, droga, ela sumiu! E tento disfarçar, mas elas tinham ido embora todas, alguém roubou. Essas máscaras haviam custado tão caro! E foi, sem máscaras mesmo. O alcool me fazia esquecer do perigo que era andar desprotegida. E continuei oferecendo uma dose de mim, e ele bebia como se gostasse da acidez daquele meu riso que nem era o histérico. E bebeu, bebeu, e em vez de secar, quanto mais ele bebia, mais eu era alcoolica e mais eu era vicio. E uma noite não foi suficiente, e quando vi eu tinha deixado o salto em casa, as máscaras tinha perdido. E todas as minhas proteções estavam longe. Não foi por falta de tentativa, procurei, pedi emprestado, não deu certo. Eu estava ali pra ele nua, de cara lavada e cabelo bagunçado. Nem encolhida eu estava. E ele olhava os meus olhos e beijava minha testa. E quem bebia era eu. E me perguntava, onde é que estão suas máscaras? Será que nunca usou? Todo mundo me disse que pra sobreviver você precisava delas, e ele ali, vivo e forte e lindo sem nenhuma. E eu fui me acostumando, e fui entrando, e fui me acolhendo no abraço largo. E fui encostando meu rosto na respiração do seu peito e escutando seu coração. E o verde tinha ido embora. E o enjôo, e meu riso era de verdade e meus abraços eram com vontade de ser uma só. E aquele mundo antigo ficava na porta, chamando, querendo trazer de volta o nojo, como se precisassem de mim. Talvez porque eu nunca tivesse sido dele. Porque eu nunca me entregara eu era um pedaço do que eles não podiam mais ter. Eu era uma flor silvestre plantada num vaso de concreto no meio de Av. Paulista. E ele chegou com um regador, um jarro de ar puro, e me salva todo santo dia. Cada pétala que cai ele guarda. Cada uma que nasce ele acaricia. E eu que sou fraca, ainda me angustio. Mas no fim, sempre no fim, quando o cheiro do ar que ele traz chega até mim eu esqueço e me entrego, porque ele me salva todos os dias.

Bruna Dancini

De mudança?

Bem, não vou ficar aqui me desenrolando em apresentações. Quem deve conhecer já conhece, e quem virá a conhecer verá com o tempo. Serve saber que sou a Bruna Dancini, do tumblr brudancini.tumblr.com e estou aqui vindo pro blogspot porque escrevo muitos textos, que misturados aos outros do tumblr se perdem da minha autoria. Espero leitores? Nem tanto, mas espero muita inspiração.