sexta-feira, 12 de agosto de 2011

‎"O livro acaba quando o inútil da felicidade principia" - Mário de Andrade

Andei me questionando porque não tenho escrito muito nem sentido muito a necessidade de escrever que sempre me foi peculiar. Lendo essa frase de Mário de Andrade reflito e acho uma resposta. As grandes sinfonias não te trazem um sentimento de angústia? Os grandes romances não são feitos pela tragicidade? Mesmo os contos de fadas não acabam no felizes para sempre? A arte nasce do sofrimento. E porque? Porque o sofrer desperta o nosso inconsciente e o traz à superfície. O inconsciente onde se abrigam todos os mistérios e toda a profundidade que há no homem, e aí, surge a arte, expressão mais profunda da alma humana. E porque? Porque essa alma humana não está conseguindo se manifestar através da felicidade.
Quando felizes, nossas almas, nossas identidades, ou seja lá como chame isso que compõe o que há de profundo no ser, do ser humano, repousa em águas mornas de um rio que corre tranquilamente, quase estático, e rios tranquilos e mornos não esculpem suas margens.
É bem por isso que enquanto felizes, depois do felizes para sempre, a arte não se manifesta como quando angustiados. Porque a profundidade do seu ser está manifestada no olhar em direção á pessoa amada que lhe corresponde. Então, resta-me o que não é arte, o estudo e a pesquisa, e aí posso manifestar talvez não a profundidade artística, mas a riqueza também da consciência.

brudancini

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