quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Red doors

Eu quero fazer de meus sentimentos, portas vermelhas. Portas vermelhas sussurram mistérios. Muitas vezes são chorosos. No entanto, te atraem para ela com um místico calor. Derrubar muros e expor as portas. Elas, ainda que trancadas, sempre oferecem a maçaneta. Você poderá abri-las. Observar a organização da sala de visitas e, com algum esforço, compreender a bagunça de meu quarto.
Você poderá tropeçar na mesinha de centro. Tem um grande vaso com lírios nela. Traz uma paz para a sala de visitas. Não se distraia. Continue pelo corredor. Ali você poderá encontrar alguns quadros, fotos de infância. Você pode ficar algum tempo ali, é um lugar feliz. Mas não perca o rumo. Eu te convidei para conhecer a casa não é? As portas são vermelhas. Na cozinha, o café te faz sentir ambíguo. É um acordar tão realista que dói, mas o cheiro é agradável e inspirador.
Quando chegarmos ao quarto, não se assuste. Todas essas roupas, esses livros, essa desorganização, sou eu ainda. Se você abrir aquele livro, de capa preta, ele pode verter água. Mas ela é pura e não mancha. Um pouco de tempo e seca. Se revirar aquela pilha de vestidos, pode encontrar alguma poesia. É coisa ruim, mas há ainda um perfume no papel. E se sentar em minha cama, ao meu lado, posso te contar porque a porta é vermelha.
Eu sei que é difícil chegar até lá. Mas eu te conduzo pelos caminhos e te ensino os atalhos. A porta é vermelha, mas os retratos são preto e brancos.

Bruna Dancini

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