segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Eles pegaram meu corpo e colocaram na ambulância. Eu sempre quis andar numa ambulância. Mas não era tão emocionante agora não é? Mãe, não precisa chorar, eu estou aqui, e não está mais doendo. Ela passa mal. Eu tento abraçá-la, mas ela está muito nervosa, não vai sentir. E é aí que os médicos decidem avisar meu pai. Ele deve estar chegando do trabalho. Morrendo de sono. Ele não vai aguentar. Não, ele não vai mais conseguir ser forte. Ele sempre foi forte por mim. Antes que contem pra ele, eu estou ao lado dele e seguro sua mão. Eu sussurro o que eu dizia todos os dias... pai, eu amo você. Ele pára a moto e Deus visita o coração dele. Deus dá forças para ele continuar de pé, ninguém disse, mas ele já sabia. O celular toca, o coração aperta, e quando ele atende é na língua dos anjos que mamãe diz que eu fui embora. Ele ajoelha-se no acostamento, e grita. Tem um monstro ali. A agonia. Um carro pára e oferece ajuda. Ele não consegue falar, eu peço pra Deus que por favor guarde ele e dê forças. Ele vai pro hospital. Ninguém sabe como ele conseguiu chegar já que as lágrimas cegavam seus olhos. Foi Deus quem levou ele até lá. Ele e mamãe se abraçam, minha irmã está chegando também. Será que alguém ainda tinha algo a me dizer? Será que algum dia eu fiz eles felizes? Mas acho que nenhuma felicidade compensa a infelicidade que preenchia o local. Pai, eu sussurro em seu ouvido. E ele me escuta, a mesma voz que guardou tantas vezes a vida dele, agora deu lugar para que eu falasse. Pai, cuida da mamãe, eu estarei aqui, e estarei bem...

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