terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Lembrei-me quando tive minha primeira paixão. Rabiscando o sobrenome na minha agenda. E achava que era amor. Sentada na ambulância, olhava meu próprio corpo desfalecido. Por um segundo me senti fora de tudo aquilo, esqueci do sofrimentos dos meus pais. Só o que sentia eram borboletas num estômago que nem era mais meu. Eu ri sozinha vendo cenas que poderiam ter sido patéticas, mas eram parte do eu vivi e, ironicamente eu lembrava mais vividamente agora, do que quando realmente estava viva. Me passaram as paixonites pela cabeça, me passaram os namorados. As cenas mais inúteis, e incrivelmente as mais importantes me fugiram. Eu não estava mais na ambulância, eu cheguei ao presente depois da minha breve viagem às lembranças. E eu estava sentada na cama dele, os pés para cima, como costumava fazer todas as tardes. Ele estava deitado, mas acordado. Tivera um pesadelo. É incrível como ela sabia que ele havia sentido. Mas quem é que avisaria o namorado? No meio do sofrimento, meus pais sequer lembrariam. Eu aproveitei seus momentos de tranquilidade, e me aconcheguei em seus braços, debaixo das cobertas, como eu adorava fazer, enquanto pude. Fechei meus olhos e senti a respiração dele se acalmar na minha nuca. Mas quem se arrepiou foi ele. Lembrei do primeiro dia que sentamos numa pracinha e conversamos por horas... Do primeiro filme. Mas as cenas do meio é que chamavam a atenção. O jeito como ele segurava meu rosto entre as mãos enquanto me beijava devagar. Ou quando me tocava devagar. Eu ouvi novamente ele me contar os detalhes desde sua infância. E ninguém ia conhecê-lo como eu conheci. Conheço? Nem conjugar os verbos eu sei mais, passado? Eu nem sei se sou apenas uma lembrança, mas não me sinto partir, é mais como assistir...

Nenhum comentário:

Postar um comentário