quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Um filme de você

Há noites em que o sono me abandona, e as luzes que entram pela cortina do meu quarto começam a formar lembranças, mas, ontem, excepcionalmente, essas imagens não foram flashes de lembrança. Um filme se formou em frente aos meus olhos. E esse filme começou dia 30/10/2010...

O ano de 2010 inteira tinha trazido muita coisa boa, mas também levado grandes pedaços do meu coração. Sem historinhas melodramáticas, cagadas minhas, cagadas alheias. Eu chamo de destino, aquela junção de fatores que te levam até onde você deve estar, no momento em que deve estar. Não foram poucas as batidas de cabeça nos meus relacionamentos. Algumas com galos, outras com cicatrizes, mas todas elas com lições que, até então, eu não havia aprendido como usar. Eu sai, como qualquer uma das mil vezes que fiz esse ano, talvez até com menos ânimo do que o habitual. Mas fui, sozinha. Aniversário de uma amiga, amigos dela. E eu me sentia completamente sozinha, apesar dos conhecidos por perto. Mas se algumas vezes não nos sentíssemos sozinhos, não teríamos o entusiasmo para conhecer pessoas novas. E o destino colocou ao meu lado um rapaz, que não viria a ser qualquer rapaz na história que viria a seguir, no livro da minha vida. Eu puxei papo, ou será que foi ele? Não lembro direito. Ele era amigo de alguém que não me trazia boas impressões, mas entre uma cerveja e outra, pelo menos ele era engraçado. Fui conversando, e conversando, e foram passando horas e minhas amigas notaram e digamos que se movimentaram até demais a favor de que acontecesse algo entre nós ali. Mas se fosse um beijo ali, assim, seria apenas mais um da minha coleção de selos. No último minuto, o carro me esperando lá fora ele me deu um beijo, meio desajeitado, meio envergonhado e meio que fez um sorriso bobo surgir no meu lábio. Depois desse dia eu vi esse rapaz todos os dias. E todos os dias eu não acreditava que tivesse tanta sorte e quase buscava por algo errado, porque não conseguia ver nada. E os meses foram passando, e parecia que eram anos. E nós dois conhecíamos um ao outro como melhores amigos. E fomos conhecendo cada detalhe da boca, e cada arrepio do corpo. Como se fôssemos um só. E, incrivelmente, eu não precisava representar. Era eu, de pijama, de cabelo bagunçado, era eu arrumada e de maquiagem, mas era eu cantando desafinada. E era também eu tendo ataques de riso. E meio sem querer, meio sem palavras, nós não estávamos só ficando. E conhecemos família, e amigos, e viajamos, e tudo isso foi num espaço tão curto de tempo, me tirou o fôlego de tal maneira, que todas as cicatrizes e galos das minhas batidas de cabeça estavam encobertas pela tontura do momento. E ontem uma conversa paralisou tudo. O que rodava ficou parado. E as cicatrizes apareceram, e também os galos mais recentes. E doeu. Doeu como a realidade tem o poder de fazer doer. Uma dor de roxo. Dor de hematoma. E foi uma conversa dura para os dois lados. E os hematomas dele estavam tão a mostra quanto os meus. E fui para a cama como se o sono fosse vir. Como se dormir fosse surtir efeito e foi quando o filme de todos os dias passou pela frente dos meus olhos. E no final do filme, vendo como se não fosse eu, mais uma vez eu me apaixonei por ele. Por ele com todos os seus hematomas. Por ele com toda a nitidez da realidade. E eu lembrei do cheiro do abraço. Do sabor do beijo e a sensação das mordidas. E eu lembrei das conversas sérias. E das conversas brincadas. E eu abracei meu travesseiro e pensei, eu jamais te deixarei partir. E sabe, não é pelo egoísmo de saber que meus dias não teriam graça sem tudo de você por aqui. É por saber que sou a única que traz o melhor de você à tona. E eu sempre vou ser. Não importa se não for pra sempre eu e você. Mas será pra sempre amor.

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